"Foi apresentado um protocolo adicional que não reabre o acordo, mas complementa-o para ter em conta as preocupações ambientais de vários países europeus", afirmou Borrell perante a Comissão dos Assuntos Externos do Parlamento Europeu.
"Este protocolo adicional não foi bem recebido pelos colegas latino-americanos", disse o alto representante, que garantiu: "Não temos uma resposta concreta da parte deles" sobre o motivo.
O chefe da diplomacia da UE indicou que diferentes países da UE estavam a pedir que o acordo de associação com o Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), cuja negociação foi encerrada após 20 anos de trabalho, em 2019, "seja concluído com garantias de preservação da massa florestal".
O documento inclui ainda "outras preocupações ambientais numa parte do mundo que é uma grande potência ambiental".
Por outro lado, Borrell afirmou que, quatro anos após a conclusão do texto do acordo, "as coisas continuam mais ou menos como estão, se não piores".
O político espanhol fez eco da recente visita do Presidente do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva, a Paris, onde "de uma forma muito clara, rejeitou esta abordagem, considerando-a uma ameaça", disse, referindo-se à posição europeia.
Durante o seu discurso no encerramento da Cimeira para um Novo Pacto Financeiro Global na capital francesa, no sábado, Lula da Silva afirmou: "Peço uma resposta, como é que se pode ter uma parceria estratégica com ameaças que são feitas contra parceiros estratégicos?".
Por outro lado, Borrell sublinhou que "as reticências na Europa, em alguns países, continuam a ser fortes".
"Do lado latino-americano, há alguns países que nos fizeram notar que, desde o acordo de 2019, nós, europeus, mudámos o tabuleiro do jogo", acrescentou.
E prosseguiu: "Entre uma parte e outra, existem ainda algumas dificuldades importantes que, francamente, não creio que venham a ser resolvidas até à cimeira" entre a UE e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e das Caraíbas (CELAC), que se realizará em 17 e 18 de julho em Bruxelas.
Em todo o caso, na opinião de Borrell, "isso não significa que a cimeira deva abandonar a tentativa de avançar nesta questão, sabendo que não é o fim, mas (que) também não deve ser o fim", concluiu.
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