Numa entrevista à Lusa hoje em Lisboa, Geraldo Alckmin disse que o Brasil e o Governo de Lula da Silva, o presidente atual do país, defendem o acordo Mercosul-União Europeia, mas "equilibrado".
E quando questionado sobre o que considerava ser um acordo equilibrado o vice-presidente do Brasil respondeu: "É aquele que em que não tem sentido você impor sanção para quem preservou a sua floresta. Você precisa ter é apoio para preservar a floresta, mercado regulado de carbono...".
"O Brasil é a grande possibilidade de você poder investir, com competitividade e compensando as emissões de carbono", realçou Alckmin, lembrando que o seu país tem das matrizes energéticas mais limpas do mundo.
E admitiu que os apoios para a descarbonização da Amazónia serão a chave da negociação com a Europa, concluindo: "Queremos um acordo equilibrado".
Segundo o vice-presidente brasileiro, "o Brasil quer ser o grande protagonista da descarbonização, inclusive em parceria com Portugal".
"O Brasil está indo bem. Se você olhar o mundo, qual o país que tem o tamanho, a escala, 215 milhões de pessoas (...), não tem briga com ninguém, dá-se bem como os EUA [Estados Unidos da América], com a China, com a União Europeia, não tem nenhum litígio com ninguém", realçou.
Além disso, "tem petróleo, gás, a agricultura mais competitiva do mundo, a agricultura tropical, uma indústria diversificada, que vai desde o chocolate ao avião", acrescentou.
Então, segundo o vice-presidente, o país da América Latina "vai atrair muito investimento" e vai ser "a bola da vez [o preferido]".
Alckmin lembrou que Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, já demonstrou que é favorável ao acordo Mercosul-União Europeia, e que o Governo brasileiro considera que este "é importante para o Brasil e para a Europa".
O acordo do Mercado Comum do Sul, bloco económico criado em 1991, que engloba Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, além de países associados e observadores, depois de formatado foi objeto de novas exigências da União Europeia.
"Foi apresentado um facto novo, que nós vamos analisar e vamos responder", referiu, mas sublinhou que a "side letter" da UE "era para o Governo passado [liderado por Jair Bolsonaro], que queria desmatar e não tinha compromisso com o meio ambiente".
"Nós temos todo o compromisso com o meio ambiente, desmatamento ilegal, zero, descarbonização, combate às mudanças climáticas e temos a maior floresta do mundo, a amazónica e vamos preservá-la. Esse é o nosso compromisso", garantiu Alckmin, salientando que a Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP), em 2025, vai ser na Amazónia, Belém.
Por isso, considerou que "há espaço" para um acordo equilibrado, garantido que o Brasil vai trabalhar para o alcançar.
Se o alcançar, disse Alckmin "pode ser um exemplo para o mundo, num momento de dificuldade, no momento conturbado".
"Celebrar esse acordo, mostra que é possível abrir mercado de complementaridade económica e não tem ninguém mais perto da Europa, culturalmente, socialmente do que os latino-americanos, então tem tudo para a gente fazer esse entendimento", concluiu o vice-presidente brasileiro.
"Temos tempo e vamos buscar um acordo equilibrado", frisou.
"Eu diria que a questão principal [que gerou o impasse no acordo negociado anteriormente] foi a questão ambiental e, na realidade, o Brasil hoje tem todo o compromisso", vincou Geraldo Alckmin.
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