O anuncio da suspensão do canal verificou-se após comentários de um jornalista sobre a situação relacionada com a violência extremista islâmica terem sido qualificados como "falsos".
"Os programas do canal de televisão La Chaîne Info (LCI) são suspensos por um período de três meses no Burkina Faso nos pacotes de qualquer distribuidor de serviços audiovisuais pagos a partir da data de notificação desta decisão", declarou em comunicado o Conselho Superior de Comunicação (CSC).
Segundo o CSC, a LCI, canal privado pertencente ao grupo TF1, "difundiu em 25 de abril de 2023 um programa intitulado '24h Pujadas, a informação em questão', durante o qual o seu jornalista, Abnousse Shalmani, forneceu um certo número de informações sobre a crise de segurança no Sahel em geral, mas também sobre o Burkina Faso".
Em particular, o CSC critica o jornalista por ter afirmado que "os 'jihadistas' avançam a toda a velocidade na ausência de qualquer presença do Estado nas localidades conquistadas", por ter especificado, "sem mencionar qualquer fonte, que 40% do território está ocupado pelos 'jihadistas'" e que "cerca de 90.000 civis, os chamados Voluntários para a Defesa da Pátria (VDP) são utilizados 'como carne para canhão' para proteger os militares do Burkina Faso na luta antiterrorista".
A autoridade reguladora considera que os comentários são "meras suposições e insinuações maliciosas", alguns dos quais "suscetíveis de criar agitação entre a população e minar a necessária colaboração procurada entre o exército e os civis para salvaguardar a pátria burquinabê".
No início de abril, as autoridades de transição do Burkina Faso, cujo Presidente, o capitão Ibrahim Traoré, chegou ao poder através de um golpe de Estado em setembro, expulsaram os correspondentes dos diários franceses Libération e Le Monde.
No final de março, ordenaram a suspensão por tempo indeterminado do canal de televisão France 24, depois de antes terem suspendido a Radio France Internationale (RFI), um meio de comunicação social público francês, em dezembro de 2022.
No entanto, o Governo afirmou que continua "fundamentalmente empenhado" na liberdade de expressão e de opinião.
Desde 2015 que o Burkina Faso está enredado numa espiral de violência extremista islâmica, iniciada anos antes no Mali e no Níger e que posteriormente se espalhou além das fronteiras destes países.
Nos últimos oito anos, a violência custou a vida a mais de 10.000 civis e militares, segundo organizações não-governamentais e forçou mais de dois milhões de pessoas a abandonar as suas áreas de residência.