Rússia acusada de preferir financiar Grupo Wagner a ajudar Síria
A Rússia foi hoje acusada no Conselho de Segurança pelos países ocidentais de não prestar ajuda humanitária à Síria, enquanto financia o grupo mercenário Wagner com milhares de milhões de dólares.
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Numa reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) sobre a situação política e humanitária na Síria, a embaixadora do Reino Unido junto da ONU, Barbara Woodward afirmou que o seu país fez recentemente uma promessa de 190 milhões de dólares (174,6 milhões de euros) para a Síria, elevando o total da ajuda dos britânicos "para mais de 4,8 mil milhões de dólares (4,4 mil milhões de euros) até ao momento".
"Aguardo com expectativa que a Rússia anuncie a sua contribuição no devido tempo, após a recente informação de que a Rússia gasta dois mil milhões de dólares (1,84 mil milhões de euros) por ano no grupo Wagner", disse Woodward.
A admissão de financiamento do grupo Wagner pelo Estado russo foi feita esta semana pelo Presidente Vladimir Putin, que durante anos negou qualquer envolvimento com os mercenários que no último fim de semana protagonizaram uma rebelião no país.
Também o embaixador francês, Nicolas de Rivière, contestou acusações de Moscovo aos países ocidentais, afirmando que "aqueles que inventam histórias sobre o não fornecimento de ajuda são aqueles que não fizeram qualquer contribuição e se contentaram em contribuir através de bombardeamentos".
Rivière disse ainda que a "corrupção endémica" na Síria "está na raiz do desvio da ajuda" que é doada ao país.
Por sua vez, o embaixador russo Vasily Nebenzya direcionou as suas críticas aos países ocidentais, cuja "chamada generosidade em relação à crise na Ucrânia, que eles próprios provocaram, parece dúbia".
"Assim que a conversa se volta para a Síria, Iémen e países africanos, os nossos colegas ocidentais ou não têm dinheiro ou o alocam com extrema relutância e em pequenas quantias", acusou Nebenzya.
O diplomata classificou assim de "hipócritas" os países ocidentais por defenderem a renovação do mecanismo transfronteiriço para assistência humanitária na Síria, o qual os EUA consideraram "a única maneira de garantir que o povo sírio receba a assistência de que precisa".
Na reunião de hoje, o subsecretário-geral para Assuntos Humanitários da ONU, Martin Griffiths, afirmou que os 12 anos de conflito na Síria, o colapso económico e outros fatores empurraram 90% da população do país para baixo da linha da pobreza.
Griffiths apontou que o plano de resposta humanitária para a Síria deste ano - o maior do mundo, com 5,4 mil milhões de dólares (4,9 mil milhões de euros) - está financiado apenas em 12%, apesar de faltarem seis meses para o final de 2023.
Além disso, um défice de 200 milhões de dólares (183,8 milhões de euros) forçará o Programa Alimentar Mundial a cortar 40% a sua ajuda alimentar de emergência na Síria em julho.
"Agradecemos todo o apoio dos doadores, incluindo os milhares de milhões de dólares prometidos no início deste mês na sétima Conferência de Bruxelas, (...) que traz alguma esperança para milhões de pessoas na Síria. Mas com o apoio dos doadores a ficar atrás das crescentes necessidades e custos operacionais, tais promessas devem transformar-se rapidamente em contribuições para manter os programas a funcionar", instou.
O subsecretário também defendeu a prorrogação da autorização do mecanismo de ajuda transfronteiriça à Síria, advogando que uma autorização de mais 12 meses permitirá que a ONU e parceiros forneçam melhores resultados humanitários nos próximos meses.
Desencadeado em março de 2011 pela violenta repressão do regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad, de manifestações pacíficas, o conflito na Síria ganhou ao longo dos anos uma enorme complexidade, com o envolvimento de países estrangeiros e de grupos 'jihadistas', e várias frentes de combate.
Num território bastante fragmentado, o conflito civil na Síria provocou, desde 2011, mais de 490 mil mortos e milhões de deslocados e refugiados.
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