"A UE saúda a decisão tomada pelo Presidente Macky Sall de não se candidatar às eleições presidenciais de fevereiro de 2024. Esta decisão, que vai no sentido de atenuar as tensões políticas e sociais, é de um grande estadista e faz parte da longa tradição democrática senegalesa", sustentou o alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell.
Bruxelas felicitou também o "diálogo construtivo" que agregou "mundo político, sociedade civil e os intervenientes comunitários".
"A UE reitera a sua confiança nas instituições, nas forças políticas e no povo do Senegal para prepararem as próximas eleições de forma inclusiva e pacífica", completou Borrell.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, também saudou a decisão do Presidente senegalês.
"Está a trabalhar para o Senegal e a defender uma África forte e respeitada. Obrigado pela excelente cooperação. A UA [União Africana] no G20 (grupo de países com as economias mais desenvolvidas e emergentes), uma transição climática justa e a reforma do financiamento do desenvolvimento: são muitos os desafios que estamos a enfrentar juntos", acrescentou Michel.
Sall anunciou na segunda-feira que não vai concorrer às próximas eleições presidenciais do Senegal, previstas para fevereiro de 2024, após meses de controvérsia, incerteza e tensão política no país, com protestos em larga escala, fortemente reprimidos pelas forças de segurança.
O Presidente, que governa o Senegal desde 2012 e se aproxima do fim de dois mandatos de sete e cinco anos, considera que a sua terceira candidatura não seria ilegal, apesar de a Constituição do país africano proibir mais de dois mandatos consecutivos.
Segundo Sall e os seus apoiantes, como a Constituição foi alterada em 2016 e o Presidente só cumpriu um mandato de cinco anos, o primeiro mandato de sete anos não deveria contar e teria o direito a candidatar-se novamente.
Tanto a oposição como a sociedade civil do Senegal, país vizinho da Guiné-Bissau, rejeitam esta tese.
A incerteza provocou um aumento da tensão política no país, agravada pela acusação paralela do líder da oposição Ousmane Sonko, que foi condenado a dois anos de prisão em 01 de junho.
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