"Críticos dizem que nos estamos a queixar de mais, mas ciência é clara"
O cofundador do movimento de ação ambiental 'Extinction Rebellion' Robin Boardman defendeu hoje que a população tem que reduzir as emissões poluentes e adaptar-se às alterações climáticas, que considerou serem já irreversíveis.
© Lusa
Mundo Extinction Rebellion
"Eu observo todos os dias a ciência. Sinto no coração o peso de não podermos mudar e reverter completamente estas coisas [alterações climáticas]. Vamos sofrer -- e estamos a sofrer agora -- com os incêndios florestais, com o calor no Texas [Estados Unidos] e noutras partes do mundo. Está a matar as pessoas", afirmou Robin Boardman em entrevista à agência Lusa, que está em Portugal para a palestra "Rumo à Extinção e o que fazer".
O rebelde, como se intitula, estará hoje e a 13 de julho no Goethe-Institut em Lisboa para "relançar a rebelião" em Portugal.
De acordo com Boardman, a espécie humana, face à situação, terá de reduzir as emissões de gases poluentes, proteger a biodiversidade e adaptar-se.
"Não podemos reverter isto, mas podemos fazer duas coisas: uma é reduzir as emissões e proteger a biodiversidade (...) e a segunda é adaptarmo-nos aos problemas que temos agora", indicou, sustentando que se "pode reduzir o calor no futuro e cada grau que é reduzido" vai proteger as gerações do perigo.
O ativista do movimento internacional descentralizado e sem filiação político-partidária que usa ação direta não-violenta para pressionar os governos explicou que a sociedade também deverá apostar mais nas energias renováveis e em sistemas de diques junto às zonas costeiras, para proteger as pessoas do aumento do nível médio do mar.
"[Devemos] criar o movimento, reduzir as emissões, adotar políticas e adaptarmo-nos como comunidade para este colapso da sociedade, do mundo ecológico", realçou.
Depois de o 'Extinction Rebellion' ter sido "fortemente atingido pela pandemia" em termos de inciativas, Boardman, que tem vontade de trazer o movimento de volta ao panorama internacional, deixou uma mensagem aos críticos, dizendo que há "um par de anos para mudar as coisas" para controlar a extinção das espécies.
"Os críticos dizem que nos estamos a queixar de mais (...), mas a ciência é clara. Todos podem ver a ciência, não é complicado. Os críticos normalmente são a fonte deste 'status quo' de querem apenas os lucros e, isso, não é útil para nós. Precisamos de vida no planeta e, isso, é mais importante do que os lucros", sublinhou.
O 'Extinction Rebellion' é um movimento ambiental global que utiliza a desobediência civil não-violenta para tentar deter a extinção massiva das espécies e minimizar o colapso da sociedade.
O movimento surgiu em 2018 depois de ativistas britânicos se terem reunido na praça do parlamento em Londres para anunciar uma declaração da rebelião contra o governo do Reino Unido.
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