MNE russo discute com Turquia regresso de militares ucranianos libertados
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, discutiu hoje com o homólogo turco, Hakan Fidan, a situação na Ucrânia, incluindo o regresso de comandantes do batalhão Azov a Kiev quando estavam sob a proteção de Ancara.
© Alexander Nemenov/AFP via Getty Images
Mundo Ucrânia
Ambos trocaram, em conversa telefónica, "pontos de vista sobre a agenda regional com ênfase nos acontecimentos recentes na Ucrânia, incluindo a situação do retorno dos líderes Azov [regimento ucraniano] de Istambul para Kiev", segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, numa referência a cinco comandantes que tinham sido capturados no cerco russo à siderúrgica de Azovstal, em Mariupol (sudeste) no ano passado, entretanto libertados, num acordo de troca de prisioneiros e que, segundo Moscovo, deveriam permanecer em Ancara até ao fim do conflito.
No entanto, regressaram a Kiev no sábado de manhã, no fim de uma visita do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que os classificou como heróis e que recebeu no aeroporto de Istambul com abraços e sorrisos, segundo um vídeo divulgado pelo seu gabinete.
Os líderes do regimento Azov estavam na Turquia desde setembro de 2022 sob a proteção do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que negociou a sua libertação numa troca de prisioneiros com a Rússia.
A mediação de Erdogan permitiu a libertação de 215 soldados das forças de Kiev, quase todos capturados em Mariupol, em troca de 55 russos e ucranianos ligados ao Kremlin, incluindo Viktor Medvedchuk, um oligarca da Ucrânia próximo do Presidente russo, Vladimir Putin.
A Rússia capturou cerca de 2.500 soldados ucranianos em maio de 2022 na siderurgia de Mariupol e ainda tem cerca de 1.900 na sua posse.
Embora se tenham rendido, a resistência de semanas desses soldados a um inimigo muito superior tornou-os num símbolo para a Ucrânia, na batalha mais sangrenta da guerra da Ucrânia e que deixou a cidade reduzida a escombros, até aos combates em Bakhmut, província de Donetsk (leste), que perduram desde agosto do ano passado.
O Kremlin afirmou no sábado que o regresso dos comandantes do regimento Azov, ligado à Guarda Nacional da Ucrânia mas considerado terrorista na Rússia, viola o acordo alcançado na altura para a libertação dos militares, uma vez que, segundo Moscovo, tinham de permanecer na Turquia até o fim do conflito.
Além disso, o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, destacou que ninguém informou a Rússia sobre esta decisão.
Lavrov também apontou a Fidan o "curso destrutivo" envolvido na entrega de equipamento militar a Kiev e discutiu com o seu homólogo turco uma maior cooperação para garantir a segurança alimentar mundial "face à incapacidade" do Ocidente para garantir as exportações de alimentos e fertilizantes russos, quando se prepara o prolongamento da Iniciativa dos Cereais, que prevê o escoamento de bens através do Mar Negro com mediação da Turquia e da ONU, e que tem merecido resistências de Moscovo.
Apesar das tensões recentes entre as duas capitais, "os ministros reafirmaram a necessidade de preservar e fortalecer a confiabilidade das relações entre Moscovo e Ancara com base nos acordos de princípio entre o Presidente russo, Vladimir Putin, e o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan", declarou ainda o Ministério dos Negócios Estrangeiros, após o episódio do regresso dos militares de Azovstal e de a Turquia ter manifestado o seu apoio à adesão da Ucrânia na NATO, antecedendo a cimeira da organização em Vílnius, Lituânia, em 11 e 12 de julho.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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