Kyiv desvalorizou as palavras do ministro da Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, que em Vilnius, na Lituânia, defendeu que a Ucrânia deveria demonstrar mais gratidão pelo apoio militar ocidental e deixar de tratar os aliados como a "Amazon". Oleksiy Danilov, secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, considerou, esta quinta-feira, que o governante britânico ter-se-á expressado mal porque estava com as "emoções à flor da pele".
“Eu não prestaria muita atenção ao que ele disse”, disse Oleksiy Danilov, em declarações à publicação britânica The Guardian. "Toda a gente pode dizer algo quando está com as emoções à flor da pele e depois arrepender-se... Tenho a certeza de que não é o que ele pensa", acrescentou.
O responsável ucraniano reforçou que o seu país sempre foi grato pelo apoio do Ocidente. "Gostaríamos de mais, mas somos gratos pelo que já temos", frisou, destacando ainda o apoio que tem sido dado pelo Reino Unido.
"Se todos nos tivessem ajudado tanto quanto a Grã-Bretanha ajuda, teríamos uma situação totalmente diferente agora", afirmou.
"Particularmente graças à Grã-Bretanha, fomos capazes de resistir ao primeiro período da guerra, assim como [graças] aos Estados Unidos. A primeira pessoa com quem o nosso presidente conversou no início da guerra foi com Boris [Johnson]. Eu ainda tenho essa gravação histórica", notou.
Recorde-se que as declarações de Ben Wallace, durante a cimeira da NATO, na quarta-feira, geraram alguma surpresa.
"Quer se goste ou não se goste, as pessoas gostam de ver gratidão", disse Wallace, em declarações aos jornalistas, ao assinalar que a Ucrânia estava a tentar convencer vários países a fornecerem as suas reservas de armamento.
Em comentários citados por diversos 'media' britânicos, incluindo o Times of London, The Guardian e The Independent, Wallace disse ter escutado "queixas" de deputados no Congresso, em Washington, mencionando a frase "não somos a Amazon".
"É verdade", indicou o ministro. "Disse-lhes em julho passado. Disse aos ucranianos quando viajei durante 11 horas para lhes entregar uma lista: 'Não sou a Amazon'", prosseguiu.
Contudo, Max Blain, o porta-voz do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, apressou-se a minimizar os comentários do governante.
"Penso que ouviram repetidamente o presidente [ucraniano, Volodymyr] Zelensky a referir-se hoje à sua gratidão para com o povo do Reino Unido pelo seu apoio e generosidade", disse o porta-voz, acrescentando que "o governo e o povo do Reino Unido continuarão a apoiar firmemente" a Ucrânia.
Também o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acabou por reagir às afirmações de Wallace: "Sempre nos mostrámos gratos ao Reino Unido, aos primeiros-ministros e ministros da Defesa, porque sempre nos apoiaram (...) Não percebi o que [Wallace] quis dizer e de que outra maneira podíamos estar mais agradecidos. Podíamos levantar-nos de manhã e expressar a nossa gratidão ao ministro pessoalmente", atirou.
Leia Também: Moscovo detém altas patentes, incluindo Surovikin, diz WSJ
