Prémio Gulbenkian. Merkel destaca exemplo encorajador dos três vencedores

A presidente do júri do Prémio Gulbenkian para a Humanidade, Angela Merkel, considerou hoje encorajador o trabalho dos três vencedores, que demonstra que as populações das zonas mais afetadas não se conformam com os efeitos das alterações climáticas.

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Lusa
19/07/2023 20:17 ‧ 19/07/2023 por Lusa

Mundo

Prémio Gulbenkian

O Prémio Gulbenkian para a Humanidade foi este ano atribuído a três ativistas climáticos provenientes de diferentes países do chamado sul global, reconhecendo a liderança climática no restauro de ecossistemas na Indonésia, Camarões e Brasil.

"É um sinal encorajador e necessário tendo em conta que o sul global é especialmente afetado pelas consequências das alterações climáticas, sendo simultaneamente quem menos contribui para a sua origem", sublinhou a antiga chanceler alemã, que é desde o ano passado presidente do júri do Prémio.

Bandi 'Apai Janggut', líder da comunidade Sungai Utik, na Indonésia, foi, nos últimos 40 anos, mentor da luta da sua comunidade pelo reconhecimento do direito à terra onde vivem. Cécile Bibiane Ndjebet, natural dos Camarões, é defensora da igualdade de género e o direito das comunidades à floresta e aos seus recursos naturais. Lélia Wanick Salgado, ambientalista, 'designer' e cenógrafa brasileira, cofundou, em 1998, o Instituto Terra, dedicado à recuperação da floresta atlântica do Brasil.

O nome dos três vencedores da quarta edição do Prémio Gulbenkian para a Humanidade foi anunciado hoje por Angela Merkel, numa cerimónia que decorreu ao final da tarde, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, onde participou também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Antes de entregar o prémio, a presidente do júri considerou o trabalho dos três ambientalistas "impressionante e encorajador", afirmando que "provaram que vale a pena lutar pelos direitos da natureza".

Recordando os impactos particularmente duros nas zonas do hemisfério sul, Angela Merkel destacou a resiliência de Bandi, Cécile e Lélia, sinal de que "muitos dos afetados nos locais em questão não se conformam com o seu destino e tornam-se ativos para melhorar as suas condições de vida e para contrariar, de forma ativa, as consequências das alterações climáticas".

Por outro lado, Angela Merkel destacou a importância de iniciativas individuais e ao nível local para o combate às alterações climáticas, além dos acordos e convenções internacionais, por muito pequenas que essas ações possam parecer.

"Mesmo que o contributo individual possa parecer pequeno, são um exemplo e inspiração para muitas pessoas nos vossos países e espero que, através deste prémio, a nível mundial", acrescentou.

No valor de um milhão de euros, o Prémio Calouste Gulbenkian distingue pessoas ou organizações que "contribuem com a sua liderança para enfrentar os grandes desafios atuais da humanidade - as alterações climáticas e a perda de biodiversidade".

O júri, liderado pela antiga chanceler alemã Angela Merkel, selecionou estas três personalidades entre 143 nomeados, oriundos de 55 países e de todos os continentes.

Os vencedores foram escolhidos pela sua liderança e trabalho incansável, ao longo de décadas, no restauro de ecossistemas vitais - florestas, paisagens e mangais -, e na proteção de territórios em conjunto com as comunidades locais.

Esta é a quarta edição do prémio, que foi atribuído pela primeira vez em 2020 à jovem ativista sueca Greta Thunberg.

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