Espanha. Esquerda cola PP à extrema-direita no último debate da campanha
O último debate entre candidatos nas eleições espanholas do próximo domingo ficou marcado hoje pela ausência do favorito nas sondagens, Alberto Núñez Feijóo, do Partido Popular (PP), que os adversários consideraram estar porém "representado" pelo líder da extrema-direita.
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"O senhor Feijóo hoje aqui representado pelo senhor [Santiago] Abascal", disse por diversas vezes, ao longo dos 90 minutos de debate, a líder da plataforma de extrema-esquerda Somar e ministra do Trabalho, Yolanda Díaz, referindo-se aos presidentes do PP (direita) e do VOX (extrema-direita).
"O senhor Feijóo tem vergonha de aparecer ao lado do seu aliado Abascal", disse o secretário-geral do Partido Socialista espanhol (PSOE) e primeiro-ministro, Pedro Sánchez.
Yolanda Díaz, Santiago Abascal e Pedro Sánchez foram os três participantes no debate organizado hoje pela televisão pública espanhola (RTVE), dada a recusa do quarto convidado, Alberto Núñez Feijóo.
O líder do PP invocou que faltavam no debate os representantes dos partidos nacionalistas e independentistas bascos e catalães que viabilizaram no parlamento a tomada de posse e diversa legislação do atual governo liderado por Sánchez, uma coligação do PSOE e da plataforma de extrema-esquerda Unidas Podemos (que este ano passou a ser Somar e a ter nova liderança).
No debate de hoje, Yolanda Díaz e Pedro Sánchez assumiram que pretendem continuar a governar juntos após as eleições de 23 de julho e centraram as críticas no PP e no VOX e nas alianças que os dois partidos já fizeram, no último ano, para governarem em conjunto três regiões autónomas e mais de uma centena de municípios.
Tanto Yolanda Díaz como Pedro Sánchez, que se trataram pelos nomes próprios e "por tu", ao contrário do que fizeram com Abascal, consideraram que haverá em Espanha um retrocesso em direitos e liberdades de décadas, assim como fica ameaçada a luta contra as alterações climáticas, se PP e VOX governarem, tendo em contra os termos dos acordos entre os dois partidos nas regiões e municípios e o programa da formação de extrema-direita.
Sánchez criticou também que o VOX queira resolver "o problema catalão à bofetada", numa referência ao independentismo, e previu o regresso de tensões a regiões como a Catalunha com um governo de direita.
Santiago Abascal, por seu turno, tentou marcar as diferenças do VOX não só em relação à esquerda, mas também em relação ao PP.
O líder do VOX sublinhou que Feijóo tem defendido na campanha um acordo com o PSOE para haver garantia de governar sempre a lista mais votada e assim "repartirem o poder" e "o bipartidismo continuar sozinho a decidir os destinos de Espanha".
"Durante os últimos 40 anos, os velhos partidos, PP e PSOE, tomaram decisões transcendentais de costas para os espanhóis e muitas vezes de acordo com separatistas e obedecendo a burocratas estrangeiros", disse Abascal, que reiterou as suas propostas de revogação das leis relacionadas com as alterações climáticas e a designada transição energética, por considerar que destroem a agricultura e a indústria do país e são imposições de "agendas globalistas" e europeias, como a Agenda 2030 das Nações Unidas.
Abascal terminou o debate a pedir o voto no VOX por ser o único partido "que se atreve a fazer a mudança de rumo necessária para proteger a indústria, o campo, as fronteiras, a liberdade e os interesses de todos os espanhóis sem distinção".
As sondagens das eleições de 23 de julho dão a vitória ao PP sem maioria absoluta, que poderá conseguir com uma aliança com o VOX.
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