"É lamentável que a votação de hoje tenha ocorrido com uma maioria tão pequena", disse a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, pedindo que seja construído "um consenso mais amplo" sobre o assunto que tem provocado fortes protestos em Israel.
"Como amigo de longa data de Israel, o Presidente Biden acredita, pública e privadamente, que grandes e duradouras mudanças numa democracia devem reunir o mais amplo consenso possível", disse a porta-voz num comunicado.
O Parlamento israelita aprovou hoje uma parte essencial da reforma judicial proposta pelo Governo do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, apesar dos protestos de vários quadrantes políticos e sociais.
A votação ocorreu após uma sessão turbulenta, em que os deputados da oposição gritaram "Vergonha!", antes de abandonarem a sala, com a proposta do Governo a ser aprovada com 64 votos a favor e nenhum contra.
Karine Jean-Pierre garantiu que os Estados Unidos, principal aliado de Israel, "continuarão a apoiar os esforços do Presidente de Israel e de outros líderes israelitas" para encontrar pontos de entendimento.
A reforma determina mudanças radicais que aumentam os poderes do Governo na área judicial, limitando a capacidade de o Supremo Tribunal contestar decisões parlamentares e alterando a forma como os juízes são selecionados.
Netanyahu e os seus parceiros de Governo alegam que as mudanças são necessárias e, desde o início, deram sinais de que não iriam alterar a sua postura, apesar dos fortes protestos sociais.
Os manifestantes -- que representam vários setores da sociedade -- olham para a reforma como uma tomada de poder alimentada por ambições pessoais de Netanyahu, que está a ser julgado num processo judicial por acusações de corrupção.
Pelo menos 19 pessoas foram presas e cinco ficaram feridas hoje em protestos contra a reforma judicial em Israel diante do parlamento em Jerusalém, onde o Governo de Netanyahu conseguiu aprovar uma 'peça-chave' de legislação controversa.
As manifestações de hoje reuniram vários milhares de pessoas em frente ao Knesset (parlamento), numa altura em que o Governo de coligação liderado por Netanyahu avança com uma legislação que anula a "doutrina da razoabilidade", que até agora permitia ao Supremo Tribunal rever e anular as decisões do governo com base no facto de serem razoáveis ou não.
Desde as primeiras horas, os manifestantes -- convocados pelos movimentos de protesto generalizados que se tornaram os mais participativos da história do país -- reuniram-se num acampamento num parque próximo, tendo tentado cortar as ruas e bloquear o acesso ao parlamento.
Leia Também: Israel. Oposição vai contestar reforma judicial junto do Supremo Tribunal