A São Petersburgo, onde o evento decorre até sexta-feira, chegaram já hoje as primeiras delegações, incluindo a de Angola, chefiada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Téte António, a do Benim e a das Seicheles, também lideradas pelos respetivos chefes da diplomacia, noticiou a agência russa TASS.
Moscovo anunciou contar com confirmação da participação de delegações de 49 países, "metade representados ao mais alto nível, de chefes de Estado ou de Governo", segundo Alexander Polyakov, vice-diretor do departamento de África do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, e a maioria deve chegar na quarta-feira.
Os presidentes do Zimbabué, da África do Sul e do Mali foram dos primeiros a confirmar a presença, segundo informação avançada por Moscovo.
Num artigo publicado na segunda-feira no 'site' do Kremlin, o Presidente russo escreveu que "hoje, a parceria construtiva, confiante e voltada para o futuro entre a Rússia e a África é particularmente significativa e importante".
Espera-se desta segunda cimeira que a Rússia e os países africanos assinem um "plano de ação até 2026" e uma série de documentos bilaterais, como anunciou o Kremlin, tentando que a relação vá além dos acordos na área da defesa e venda de armas, que resumem, na maioria dos casos, até hoje a relação de Moscovo com África.
Contudo, para Moscovo o mais importante, segundo analistas internacionais ouvidos pela Lusa, é mostrar um entendimento com os Estados africanos, apesar do conflito na Ucrânia, que alguns condenaram nas Nações Unidas, e do fim do acordo dos cereais.
Daí ser tão importante quantos e a que nível estarão representados os países africanos, o que levou hoje o Kremlin a acusar os países ocidentais de "uma pressão sem precedentes" sobre os Estados africanos para que não participem na cimeira.
A responsável da União Europeia pelas relações com África disse recentemente à Lusa que muitos países africanos esperariam até ao último momento para decidir a que nível participam, o que confere com a resposta, por exemplo, de São Tomé e Príncipe, que nos últimos dias tinha decidido apenas não enviar membros do Governo, admitindo uma representação a nível diplomático.
O porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, anunciou hoje que Putin vai apresentar a proposta para garantir o abastecimento de cereais e fertilizantes ao mercado mundial e aos países africanos que mais os precisam.
O tema quente desta segunda cimeira Rússia-África será este, admitem os analistas, depois do abandono por Moscovo de um acordo crucial que permitia à Ucrânia, desde o verão de 2022, exportar, incluindo para África, os seus cereais através do Mar Negro, apesar do bloqueio russo aos portos ucranianos.
Num ano, esse acordo permitiu que quase 33 milhões de toneladas de cereais fossem retiradas dos portos ucranianos, ajudando a estabilizar os preços mundiais dos alimentos e evitar o risco de escassez.
Além dos cereais, os Estados africanos deverão também aproveitar para tentar dar força à sua tentativa de encontrar uma solução para a guerra na Ucrânia, depois da proposta apresentada anteriormente por sete países, liderados pela África do Sul.
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