Presidente do Quénia diz estar pronto a reunir-se com o líder da oposição
O presidente do Quénia, William Ruto, disse hoje estar pronto para "reunir-se" com o líder da oposição Raila Odinga "a qualquer momento", após protestos antigovernamentais com vítimas mortais e que levaram a comunidade internacional a apelar ao diálogo.
© Getty
Mundo William Ruto
"Como já sabe, estou disponível para me encontrar pessoalmente consigo a qualquer momento, de acordo com a sua conveniência", escreveu o chefe de Estado na rede social X (anteriormente denominada Twitter), dirigindo-se diretamente ao líder da oposição que convocou os protestos que abalam o Quénia desde há vários meses.
Raila Odinga denunciou anteriormente "uma violência policial sem precedentes" durante os protestos antigovernamentais.
"Meu amigo Raila Odinga, estou na Tanzânia (...) Regresso amanhã (quarta-feira) e, como já sabe, estou disponível para o encontrar pessoalmente a qualquer momento, conforme a sua conveniência", lê-se na mensagem que publicou na rede social X.
Desde março, a coligação da oposição Azimio organizou nove jornadas de protesto contra as políticas do Presidente Ruto, que resultaram por vezes em pilhagens e confrontos com as forças de segurança.
Segundo a Azimio, pelo menos 50 pessoas foram mortas desde março, mas oficialmente aquele número é de cerca de vinte.
Na semana passada, as Nações Unidas, o secretariado da Commonwealth e os principais meios de comunicação social quenianos apelaram a Ruto e a Odinga para que encetassem um diálogo.
"Sempre dissemos que estamos abertos ao diálogo", afirmou o líder da oposição.
A oposição tinha cancelado as manifestações previstas para abril e maio, depois de William Ruto ter concordado com o diálogo, mas o fracasso das conversações levaram ao recomeço das ações de protesto desde o início de julho.
Hoje de manhã, Raila Odinga denunciou "uma violência policial sem precedentes" durante as manifestações.
"A polícia e bandos organizados dispararam e mataram ou feriram dezenas de pessoas à queima-roupa", declarou à imprensa estrangeira na capital, Nairobi, afirmando que "todas as vítimas estavam desarmadas".
A violência foi particularmente dirigida contra os Luos, o seu grupo étnico.
Também hoje, o ministro do Interior do Quénia, Kithure Kindiki, rejeitou as acusações da oposição do país, que responsabilizou a polícia queniana pelos assassínios e pelo uso excessivo da força para dispersar os recentes protestos antigovernamentais, tal como confirmado pela Amnistia Internacional (AI), entre outras organizações não-governamentais (ONG).
"Estas alegações (...) são maliciosas, falsas e têm como objetivo distorcer a opinião pública relativamente à orgia de violência que teve lugar", afirmou Kindiki num comunicado emitido pelo seu ministério.
O ministro queniano acusou "os arquitetos desta falsa narrativa" de "planearem, financiarem e executarem crimes hediondos que resultaram no ferimento e morte de civis e agentes das forças de segurança, bem como na destruição maciça de propriedade pública e privada".
William Ruto foi eleito em agosto de 2022 contra Raila Odinga, que afirmou que as eleições presidenciais tinham sido "roubadas".
O Presidente é acusado, em particular, de aumentar as dificuldades dos quenianos, que já se debatem com uma inflação contínua (mais de 8% em termos anuais em junho), com uma lei promulgada no início de julho que introduz novos impostos.
"Estas manifestações foram sobre o custo de vida e os impostos excessivos, e vão continuar", disse o líder da oposição.
Leia Também: Quénia. Presidente anuncia proibição de manifestações na próxima semana
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