"As Forças Armadas russas efetuaram ataques com armas aéreas e marítimas de alta precisão e de longo alcance contra aeródromos, centros de comando e de deslocamento das Forças Armadas ucranianas, oficinas de montagem, locais de armazenamento de 'drones' [aparelhos não tripulados] navais e ainda de mísseis, armas e equipamentos militares" ocidentais, declarou o Ministério da Defesa russo em comunicado.
Em Kyiv, a vice-ministra da Defesa ucraniana, Hanna Maliar, assegurava, por sua vez, que "o pânico continua a expandir-se" entre as tropas russas estacionadas na Ucrânia, e referiu-se a uma novo aumento das deserções entre os mobilizados para combater na linha da frente.
"A grande maioria dos soldados russos que receberam instrução em território da República da Bielorrússia e foram transferidos no início de julho para os campos de treino" no interior da Rússia para suprir baixas "estão a tentar evitar entrar na zona de hostilidades", assegurou a vice-ministra ucraniana.
Maliar assegurou ter provas do "aumento das deserções", do "abandono arbitrário das unidades", de casos de desobediência e inclusive de "automutilações" para evitar a transferência para a frente de combate em território ucraniano.
A vice-ministra ucraniana assinalou ainda que as autoridades militares russas redobraram as ameaças de castigos, sob a forma de detenções e de "execuções" para evitar tais comportamentos.
Mikola Urshalovich, coronel da Guarda nacional ucraniana, também indicou hoje que a Rússia está a utilizar "todos os meios de coerção possíveis" para forçar os seus homens a investirem contra as posições ucranianas na zona de Kupiansk, nordeste da Ucrânia, uma região onde as forças russas estão na ofensiva.
O coronel afirmou ainda que estes métodos são utilizados com frequência em zonas onde a Rússia regista desvantagem tática, uma situação que implica enviar "para o matadouro" as unidades envolvidas no combate.
Já em Moscovo, o serviço federal de segurança (FSB, os serviços secretos russos) informou sobre uma tentativa abortada de um atentado contra um navio da frota russa do Mar Negro que transportava armas de alta precisão.
"O FSB frustrou uma tentativa dos serviços especiais ucranianos de cometer um ato terrorista num dos barcos da Frota do Mar Negro que transportava mísseis de alta precisão", assinalou o FSB num comunicado, citado pela agência noticiosa oficial TASS.
Na operação foi detido um militar da Marinha russa, recrutado pelos serviços secretos ucranianos e que estava na posse de bombas caseiras, acrescentou a mesma nota informativa.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa - justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
As informações fornecidas pelas partes sobre a situação nas frentes de batalha não podem ser confirmadas de forma imediata e independente.
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