OMS reconhece que ajuda à população sudanesa está aquém do necessário
A OMS reconheceu hoje que a sua resposta à situação de emergência no Sudão, mergulhado numa guerra civil desde 15 de abril passado, não correspondeu às necessidades dos sudaneses.
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Mundo Sudão
A autocrítica da agência da ONU foi feita pelo seu representante no país, Nima Saeed Abid, durante uma videoconferência, em que pediu "mais fundos para responder eficazmente às necessidades dos sudaneses".
"A resposta não chegou, até agora, ao povo sudanês (...) A nossa resposta está a ser adaptada às necessidades da população sudanesa e do povo do Sudão? A resposta é definitivamente não. Temos de a aumentar", frisou.
Saeed Abid acrescentou que o apoio da OMS já chegou a 14 estados e nos restantes dois a OMS conta com os seus parceiros no Chade.
Um dos estados em que a OMS não intervém diretamente é o Darfur, reduto das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), o grupo paramilitar que se rebelou contra o exército regular em 15 de abril.
Em consequência, iniciou-se um conflito que dura há mais de 100 dias e que já fez mais de 1.100 mortos e 3,5 milhões de deslocados e refugiados, segundo dados oficiais.
Todavia, o número oficial de mortos não é atualizado há mais de um mês, enquanto a organização não-governamental (ONG) Projeto de Dados sobre Localização e Eventos de Conflitos Armados (ACLED, na sigla em inglês) estima o número de mortos em 3.900.
A diretora de Resposta a Incidências da Crise no Sudão, do Escritório Regional da OMS para África, Magdalene Armah, disse hoje que o plano de resposta regional da OMS, no valor de 29 milhões de dólares (26,3 milhões de euros) reuniu apenas 10% do total daquele valor.
Também hoje, a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) disse que cerca de 390 mil pessoas estão amontoadas em campos de deslocados no estado do Nilo Branco, no Sudão do Sul, incluindo mais de 140 mil que fugiram da capital, Cartum, depois do conflito.
A ONG salientou que estas pessoas enfrentam uma enorme escassez de alimentos, abrigos, cuidados médicos, água e saneamento nos dez campos referenciados, antes de acrescentar que as suas equipas estão a ver diariamente novos casos suspeitos de sarampo e crianças subnutridas.
"Todos os dias chegam mais pessoas, o que significa que há uma necessidade crescente de mais e melhores serviços médicos. As necessidades alimentares e de abrigo também estão a aumentar", disse Ali Mohammed Dawoud, chefe das atividades médicas dos MSF.
Na base da emergência humanitária está o conflito desencadeado em 15 de abril, e hoje as RSF afirmaram ter lançado uma "grande operação militar" contra uma base do exército sudanês em Omdurman, a norte da capital, Cartum, que terá provocado "dezenas de vítimas" entre as fileiras das forças armadas.
Em comunicado publicado na sua conta na rede social X (antigo Twitter), as RSF alegam que a operação foi dirigida contra a base de Ouadi Sayedina e sublinha que a mesma resultou na destruição de três aviões militares e de um armazém de armas e abastecimentos.
"Este ataque tático causou mais medo nas Forças Armadas sudanesas e nos seus apoiantes extremistas ligados ao antigo regime", lê-se no comunicado, referindo-se a pessoas ligadas ao antigo Presidente Omar Hassan al-Bashir, deposto num golpe de Estado em 2019.
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