A HRW frisou, em comunicado, que a mais recente sentença de um tribunal de Moscovo contra o principal ativista da oposição russa é "uma tentativa óbvia de garantir que ele permaneça encarcerado e isolado durante qualquer futuro previsível".
"A nova condenação totalmente infundada contra Alexey Navalny é uma prova da determinação do Kremlin de decapitar a oposição russa durante muitos anos", realçou Hugh Williamson, diretor da Human Rights Watch para Europa e Ásia Central.
Williamson sublinhou ainda que as autoridades russas "abandonaram qualquer pretensão de justiça ao lidar com os dissidentes, e lançaram contra Navalny um conjunto de acusações, cada uma mais descaradamente absurda que a outra".
Já na prisão, a cumprir uma pena de nove anos, em condições difíceis, o principal opositor do Kremlin (Presidência russa) foi hoje condenado a 19 anos de prisão por "extremismo", após um julgamento à porta fechada iniciado em junho.
Este ativista anticorrupção, de 47 anos, deverá cumprir a sua pena num estabelecimento prisional de "regime especial", ou seja, uma das penitenciárias de mais sinistra reputação da Rússia, habitualmente reservada aos criminosos mais perigosos e aos condenados a prisão perpétua.
Para a HRW, a "definição excessivamente ampla e vaga de extremismo" pela Rússia permite que "as autoridades abusem desta amplamente como uma ferramenta para perseguir ativistas pacíficos".
"Os veredictos contra Navalny e os seus aliados são uma farsa da justiça, e a perseguição contínua de outros ativistas pacíficos é uma demonstração vergonhosa de cobardia", acrescentou Williamson, instando as autoridades russas à "libertação imediata e incondicional" de todos os presos políticos.
Em reação à nova sentença, Alexei Navalny exortou hoje os russos a continuarem a resistir ao regime, considerando a pena uma "condenação a prisão perpétua".
"Estão a obrigar-vos a abandonar a vossa Rússia sem combater o bando de traidores, de ladrões e de canalhas que tomou o poder. [O Presidente russo, Vladimir] Putin não pode atingir o seu objetivo. Não percam a vontade de resistir", escreveu Navalny numa mensagem divulgada na sua página da rede social Facebook pela sua equipa de defesa.
EUA, ONU e a União Europeia pediram a libertação imediata de Navalny logo após o anúncio da sentença.
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