Soprano russa processa Met Opera, que a afastou após invasão da Ucrânia
Anna Netrebko exige 360 mil dólares de indemnização (cerca de 327 mil euros) por "angústia severa".
© Heinz-Peter Bader/Getty Images
Mundo EUA
Anna Netrebko, que foi uma das cantoras soprano mais proeminentes da Ópera Metropolitana de Nova Iorque (Met Opera), está a processar legalmente a estrutura artística, que a afastou na sequência da invasão russa da Ucrânia. Também o 'manager' da Ópera, Peter Gelb, está na sua mira.
Netrebko está a pedir uma indemnização de 360 mil dólares (cerca de 327 mil euros), acusando "angústia mental severa e sofrimento emocional", que incluía "depressão, humilhação, constrangimento, stress, ansiedade, dor e sofrimento emocional". A soprano terá sido excluída após rejeitar fazer uma declaração pública em contra das ações do governo russo na Ucrânia.
“Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, o Met e Peter Gelb usaram Anna Netrebko como bode expiatório na sua campanha para se distanciar da Rússia e apoiar a Ucrânia”, disse o 'manager' da soprano de 51 anos em comunicado, citado pelo jornal The Guardian.
Em causa, segundo a queixa apresentada no Tribunal Distrital de Manhattan, em Nova Iorque, estão também outras violações relacionadas com a decisão de a Met Opera a abandonar na sequência da invasão russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022.
No processo, a soprano exige a indemnização por perdas de atuações e de pagamentos das taxas de ensaio.
No processo lê-se que "devido à exigência do Met de que Netrebko emitisse declarações públicas a opor-se às ações do governo russo, políticos russos denunciaram-na, companhias de teatro russas cancelaram contratos com ela, o público russo criticou-a nos meios de comunicação russos. Netrebko e a sua família e amigos na Rússia sofreram o risco de danos, retaliação e retribuição por parte do governo russo”.
Como resposta, e também num comunicado, a Met Opera afirmou que a ação judicial da soprano russa "não tem valor".
O American Guild of Musical Artists (sindicato) apresentou também uma queixa em nome de Netrebko e um juiz de um tribunal arbitral, Howard C. Edelman, decidiu em fevereiro que a Met Opera violou o acordo coletivo de trabalho do sindicato quando cancelou os acordos com Netrebko para atuar em "Don Carlo" e "La Forza del Destino", de Verdi, e em "Andrea Chénier", de Giordano.
Edelman decidiu igualmente que a Met Opera devia pagar uma indemnização pelos espetáculos perdidos, que o sindicato calculou em 209.103,48 dólares (189.656,86 euros).
Netrebko, que se estreou na sala nova-iorquina em 2002, deveria receber a taxa máxima da Met Opera, no valor de 17.000 dólares (15.420 euros) por apresentação, disse o processo.
A decisão de Edelman admite que Netrebko se retirou voluntariamente das atuações de "Lohengrin", de Wagner, e de "Turandot", de Puccini, pelo que não há, nestes casos, qualquer indemnização a pagar.
A ação judicial alega a violação de acordos adicionais para 40 representações de "Tosca", de Puccini, e "Pique Dame" ("A Rainha de Espadas"), de Tchaikovsky, durante a temporada de 2024-25, e de "Manon Lescaut", de Puccini, e "Macbeth", de Verdi, em 2025-26.
Ultrapassando o âmbito da arbitragem, o processo alega que Netrebko foi discriminada devido à sua nacionalidade.
A Rússia avançou com uma invasão em grande escala da Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, espoletando um conflito armado que, segundo a ONU, já levou à morte de cerca de 7.300 civis.
[Notícia atualizada às 23h53]
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