As florestas tropicais húmidas da nação africana são as segundas maiores do mundo, depois da Amazónia, e representam 10% de todas as do planeta.
"As mudanças climáticas constituem uma pandemia económica e a ação humana é a causa dessa pandemia", indicou o Presidente congolês na reunião que os oito países da Organização do Tratado de Cooperação Amazónica (OTCA) realizam com nações convidadas.
Durante o seu discurso, Sassou Nguesso afirmou que é preciso "sair dos discursos" para manter o aumento da temperatura abaixo dos 1,5 graus, uma emergência que "tem de ser resolvida".
Nesse sentido, o Presidente da RDCongo pediu apoio internacional para a preservação das florestas do seu país, uma vez que, tal como a Amazónia, desempenha "um papel fundamental" na regulação do clima.
"O meu país representa 10% das florestas do mundo e sequestra 24,5 gigatoneladas de gases poluentes. Precisamos aumentar essa absorção de carbono e precisamos de maior cooperação para isso", afirmou.
No segundo e último dia da Cimeira da Amazónia, na cidade brasileira de Belém, participam países convidados da África, Ásia, Europa e América.
Os oito membros da OTCA dividem mesa com representantes da República do Congo e da RDCongo, também detentoras de extensas áreas de floresta tropical, além da França, Noruega e São Vicente e Granadinas.
Na terça-feira, líderes e ministros de oito nações amazónicas assinaram uma declaração que estabelece planos para impulsionar o desenvolvimento económico nos seus países, ao mesmo tempo que evita que o desaparecimento da Amazónia "chegue a um ponto sem volta".
Alguns cientistas dizem que quando 20% a 25% da floresta for destruída, as chuvas cairão drasticamente, transformando mais da metade da floresta tropical em savana tropical, com imensa perda de biodiversidade.
As oito nações - Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela - são membros da recém-ressuscitada OTCA, e expressaram esperança de que uma frente unida lhes dê uma voz importante no meio ambiente global antes da conferência do clima (COP28) em novembro.
Vários grupos ambientalistas expressaram frustração com a declaração conjunta de terça-feira, dizendo que era em grande parte uma compilação de boas intenções com poucos objetivos e prazos concretos. No entanto, a maior organização indígena da região elogiou a inclusão de duas das suas principais reivindicações.
A cimeira reforça a estratégia do Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, de alavancar a preocupação global com a preservação da Amazónia. Encorajado por uma queda de 42% na desflorestação durante seus primeiros sete meses no cargo, buscou apoio financeiro internacional para a proteção da floresta.
A Amazónia se estende por uma área com o dobro do tamanho da Índia. Dois terços estão no Brasil, com outros sete países e o território da Guiana Francesa compartilhando o terço restante.
Todos os países amazónicos ratificaram o acordo climático de Paris, que exige que os signatários estabeleçam metas de redução de emissões de gases de efeito estufa. Mas a cooperação transfronteiriça tem sido historicamente escassa, prejudicada pela baixa confiança, diferenças ideológicas e falta de presença dos governos.
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