Residentes na cidade destruída pelo fogo no Havai podem agora regressar
Os residentes de Lahaina foram autorizados a regressar aos locais onde estavam as suas casas pela primeira vez desde que os incêndios, que causaram pelo menos 55 mortos, reduziram grandes partes da plurissecular cidade a escombros de cinza.
© Justin Sullivan/Getty Images
Mundo Havai
Os jornalistas da AP testemunharam a devastação, com quase todos os edifícios destruídos na Front Street, o coração da comunidade Maui e o centro económico da ilha homónima.
Os fogos de agora são o mais mortífero e destruidor desastre no Havai, desde o maremoto de 1960, que causou a morte a 61 pessoas.
Um maremoto mais mortífero, em 1946, que causou mais de 150 mortes, levou à criação de um sistema de emergência à escala da ilha, que incluía sirenes, que eram testadas todos os meses.
Mas muito sobreviventes de agora declaram que não ouviram qualquer sirene nem receberam qualquer alerta a tempo de se prepararem. Só perceberam que estavam em perigo quando viram as chamas ou ouviram explosões nas suas proximidades.
Os registos dos serviços de emergência do Havai não têm indicações de as sirenes terem sido acionadas para avisar as pessoas. Em vez disso, foram enviados alertas para os telemóveis, as televisões e as estações de rádio. Mas a falta generalizada de energia e de rede limitaram o alcance dos avisos.
O governador Josh Green já avisou que o número de mortes vai continuar a subir à medida que as operações de busca e salvamento continuarem.
"A recuperação vai ser extraordinariamente complicada, mas queremos que as pessoas regressem às suas casas e façam o que puderem para as avaliar em segurança, porque é muito perigoso", disse Green à Hawaii News Now.
Alimentados por um verão seco e fortes ventos de um furacão, pelo menos três incêndios começaram esta semana em Maui, espalhando-se através da vegetação seca que cobria a ilha.
O mais sério entrou em Lahaina na terça-feira e deixou montes de cinzas entre o oceano azul e as exuberantes encostas verdes.
Na paisagem o que se vê são restos esqueléticos de edifícios, palmeiras queimadas, barcos no porto incendiados, tudo sob um cheiro desagradável a queimado.
Este fogo foi o mais mortal nos EUA desde o de 2018, em Camp Fire, no Estado da Califórnia, que provocou 85 mortos e reduziu a cinzas a cidade de Paradise.
Cães capazes de cheirar cadáveres foram levados para a ilha, para ajudar a localizar corpos, disse o presidente da autarquia de Maui, Richard Bissen Jr.
Os riscos de Lahaina quanto a fogos eram bem conhecidos. O plano de mitigação do condado de Maui, atualizado em 2020, identificou Lahaina e outras comunidades na parte ocidental de Maui como tendo frequentes incêndios e um grande número de edifícios em risco de sofrerem estragos por estes incêndios.
O documento apontou ainda que esta parte da ilha tinha a segunda maior taxa de habitantes sem um veículo e a maior taxa de não falantes de Inglês.
"Isto pode limitar a capacidade da população para receber, compreender e agir atempadamente em cenários de problemas", alertava-se já então no plano.
Por outro lado, os esforços de combate aos incêndios foram prejudicados pelo número reduzido de bombeiros, disse o presidente da sua associação no Havai, Bobby Lee. O número máximo de bombeiros que está disponível a qualquer hora no condado de Maui é 65, responsáveis pelo combate a incêndios em três ilhas, a saber, Maui, Molokai e Lanai, acentuou.
Para mais, estes bombeiros têm cerca de 13 viaturas de combate ao fogo e dois camiões com escadas, mas não têm um único veículo todo-o-terreno. Significa isto que não podem atacar fogos florestais antes de as chamas chegarem às estradas ou áreas povoadas.
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