Presidente chinês assinala "novo ponto de partida histórico" com Pretória
O Presidente da República Popular da China assinalou hoje na capital sul-africana, Pretória, um "novo ponto de partida histórico" na cooperação estratégica com a África do Sul, após um encontro com o seu homólogo sul-africano, Cyril Ramaphosa.
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Mundo Xi Jinping
"Hoje, quando conhecemos um novo ponto de partida histórico, transmitir a amizade, aprofundar a cooperação e reforçar a coordenação são as aspirações comuns dos nossos dois países, mas também as importantes missões que nos foram confiadas pelos tempos", declarou à imprensa Xi Jinping, após a assinatura de vários instrumentos de cooperação no palácio presidencial Union Buildings, à margem da cimeira dos BRICS, que começa hoje.
Xi reafirmou o apoio da China à África do Sul no desempenho de "um papel estratégico nos palcos internacionais", acrescentando que Pequim está preparada para reforçar as relações comerciais com o país africano e incentivar as empresas chinesas a fazerem negócios com a África do Sul.
Por seu lado, o chefe de Estado anfitrião, Cyril Ramaphosa, declarou que Pretória e Pequim "reafirmaram o apoio político às questões de interesse comum".
"Acordámos também em aprofundar a cooperação bilateral nos domínios do comércio, investimento, desenvolvimento de infraestruturas, energia, turismo, educação e formação, e tecnologias digitais", avançou o líder sul-africano, acrescentando que "a China é o maior parceiro comercial da África do Sul e a África do Sul é o maior parceiro comercial da China em África".
O Presidente Ramaphosa indicou ainda que discutiu com o seu homólogo chinês "a necessidade de reduzir o défice comercial entre a África do Sul e a China, e que uma das formas de o fazer é garantir um maior acesso ao mercado para produtos de exportação sul-africanos de valor acrescentado para o mercado chinês".
Sobre a cooperação multilateral, Pretória e Pequim vão passar a "consultar estreitamente sobre questões de interesse comum, inclusive no contexto dos BRICS, do Fórum de Cooperação China-África [FOCAC], do G7 mais China, e do G20", referiu.
Os dois líderes discutiram também a guerra da Rússia na Ucrânia, e o seu impacto significativo nas economias em desenvolvimento em África e noutros países, frisou Ramaphosa, sublinhando: "Ambos concordamos na importância do diálogo e da negociação entre as duas partes" para a resolução do conflito.
O chefe de Estado sul-africano agradeceu ainda a Xi Jinping pelo apoio do país asiático para "ajudar a África do Sul a emergir da sua crise paralisante de redução de carga", referindo-se aos cortes regulares de energia elétrica que afetam diariamente o país.
"Isto inclui a doação de equipamento de energia de emergência no valor de 167 milhões de rands [5,1 milhões de euros] e um donativo de cerca de 500 milhões de rands [24,1 milhões de euros] em ajuda ao desenvolvimento", declarou à imprensa Cyril Ramaphosa.
"A cooperação energética com a China é um desenvolvimento recente que procuramos aprofundar, particularmente em linha com os nossos respetivos compromissos com um desenvolvimento hipocarbónico e resiliente às alterações climáticas", referiu o Presidente sul-africano.
As relações entre a África do Sul e a China são sustentadas por um Programa Estratégico de Cooperação a 10 anos (2020-2029), celebrado em 2019.
A África do Sul foi o primeiro país africano a assinar o instrumento de cooperação 'Belt and Road' com a República Popular da China, sendo o maior parceiro comercial da China em África há 13 anos consecutivos, além de ser um dos países africanos com maior volume de investimento chinês.
Segundo Pretória, o comércio bilateral entre os dois países cresceu exponencialmente, de menos de mil milhões de rands (48,2 milhões de euros), em 1998, para mais de 614 mil milhões de rands (29,6 mil milhões de euros) em 2022.
Xi visitou a África do Sul em 2018, onde participou na cimeira dos BRICS, que se realizou em Joanesburgo por ocasião do centenário do nascimento do líder histórico Nelson Mandela.
Em 2013, Xi encontrou-se com o seu homólogo sul-africano, Jacob Zuma, em Pretória, tendo os dois líderes discutido o reforço da parceria estratégica estabelecida em 2010. Durante a visita de Estado à África do Sul, também participou na cimeira dos BRICS, na cidade portuária de Durban, sudeste do país.
A África do Sul foi convidada a ingressar no bloco BRIC -- formado então por Brasil, Rússia, Índia, China -, em 24 de dezembro de 2010 e, em 14 de abril de 2011, o então presidente sul-africano, Jacob Zuma, participou na terceira cimeira dos BRICS em Sanya, China.
As relações entre o Congresso Nacional Africano (ANC), no poder desde 1994 na África do Sul, e a República Popular da China, remontam à década de 1960 quando o então vice-presidente do ex-movimento de Libertação, Oliver Tambo, se deslocou a Pequim para obter apoio militar para a luta armada que o ANC desencadeou contra o anterior regime segregacionista de "apartheid" após o massacre estudantil de Sharpeville, em 1960.
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