Grupo Wagner perdeu dois líderes. Quem era Dmitry Utkin?
Descrito como o fundador ou cofundador do Grupo Wagner, Utkin era conhecido por 'Wagner', numa ode ao compositor favorito do ditador alemão Adolf Hitler, Richard Wagner.
© VLADIMIR NIKOLAYEV/AFP via Getty Images
Mundo Ucrânia/Rússia
O líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, não era a única figura de relevo a bordo do jato que se despenhou na quarta-feira. Uma das outras nove pessoas a bordo era Dmitry Utkin, um dos fundadores da milícia armada e ex-oficial das forças especiais russas.
Descrito como o fundador ou cofundador do Grupo Wagner, Utkin era conhecido por 'Wagner', numa ode ao compositor favorito do ditador alemão Adolf Hitler, Richard Wagner.
Na verdade, o oficial era descrito como sendo um fanático "pela história do Terceiro Reich", tendo "inúmeras tatuagens nazi, incluindo uma suástica, uma águia nazi e relâmpagos SS", diz o The Guardian, que cita meios de comunicação russos.
Utkin terá nascido em Asbest, na província russa de Sverdlovsk, a 11 de junho de 1970. Existem, contudo, versões contraditórias, que indicam que o mercenário nasceu na Ucrânia, na aldeia de Smoline, em Kirovohrad. A verdade é que, de acordo com o Dossier Center, que o homem cresceu naquela aldeia, onde vivia apenas com a mãe, que era engenheira civil. Era "arrogante", mas bom aluno, conforme adiantou a publicação ucraniana Censor.net.
O militar, que raramente aparecia em público, foi oficial do serviço de informações do Ministério da Defesa russo (GRU) da Rússia entre 1988 e 2008, tendo servido nas guerras da Chechénia e da Síria. Acabou por se relacionar com algumas milícias privadas, como os Corpos Eslavos, que o levou até à Síria, em 2013. No entanto, ficou detido durante cerca de um ano e meio, uma vez que não tinha o aval do Estado russo, segundo o mesmo meio.
Participou, depois, nas operações russas no leste da Ucrânia, a partir de 2014, e recebeu prémios pelos seus serviços pelo Kremlin. Na verdade, terá tido uma função central no controlo da Crimeia e no conflito no Donbass.
Contudo, o papel do homem de 53 anos no seio da milícia militar não é claro, desconhecendo-se se atuava como fundador ou como comandante do Grupo Wagner. Não se sabe, também, como é que os caminhos de Prigozhin e de Utkin se cruzaram.
Mas, afinal, o que aconteceu?
O Ministério de Situações de Emergência confirmou que o jato onde membros do Grupo Wagner, incluindo o líder e o cofundador, caiu perto da localidade de Kuzhenkino, quando fazia a ligação entre Moscovo e São Petersburgo. Três das dez pessoas que viajavam a bordo da aeronave eram tripulantes.
"De acordo com dados preliminares, todos os que estavam a bordo morreram", informou a entidade.
Mais tarde, a Agência Federal de Transporte Aéreo da Rússia (Rosaviatsiya) indicou que Prigozhin era um dos passageiros do jato privado que se despenhou a norte de Moscovo, ainda que diferentes versões do ocorrido estejam a ser discutidas nas redes sociais russas.
Na verdade, canais próximos do Grupo Wagner afirmaram que o avião poderá ter sido abatido pela defesa antiaérea russa, enquanto outros equacionaram que o incidente poderá ter sido um atentado ou o resultado do lançamento de um drone inimigo.
O governador de Tver, Igor Rudenia, assumiu o controlo pessoal da investigação sobre o sucedido.
Saliente-se que, pouco depois do anúncio da queda da aeronave, o presidente russo, Vladimir Putin, discursou num evento na região de Kursk, a propósito do aniversário de uma famosa batalha da Segunda Guerra Mundial. Ainda que tenha homenageado os cidadãos russos mortos durante a guerra na Ucrânia, o chefe de Estado russo manteve-se em silêncio quanto à alegada morte do líder da milícia armada russa, disse a BBC.
O mesmo meio realçou, contudo, que Putin poderá estar a aguardar a divulgação de uma versão oficial dos acontecimentos. Isto porque os 10 corpos recuperados no local do incidente ficaram completamente carbonizados, sendo necessário análises de ADN para proceder à sua identificação.
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