No final de junho, 175.457 pessoas aguardavam uma decisão inicial sobre o pedido de asilo, mais 43% quando comparado com o mesmo período em 2022, um máximo sem precedentes desde que o Governo começou a medir este indicador em 2010.
O Ministério do Interior britânico argumentou, no entanto, que o aumento foi de apenas 1% no período de abril a junho, considerando que se trata de um sinal de "abrandamento do aumento dos pedidos em atraso", devido nomeadamente a "um aumento do número" de funcionários dedicados à análise dos pedidos.
No final de junho, quase 140.000 candidatos a asilo aguardavam uma decisão há mais de seis meses, um número também recorde e 57% superior ao registado no mesmo período do ano passado, segundo os mesmos dados oficiais.
No total, entre julho de 2022 e junho de 2023, 97.390 novas pessoas pediram asilo no Reino Unido, um aumento de 19% num ano.
Durante o período em questão, 20.888 pessoas obtiveram o estatuto de refugiado ou outro tipo de proteção, enquanto mais de 154.000 puderam estabelecer-se no Reino Unido através de programas específicos, como aqueles destinados a ucranianos e a pessoas oriundas de Hong Kong.
Em termos de nacionalidade, os albaneses encabeçam a lista dos candidatos a asilo, seguidos dos afegãos e dos iranianos.
Além disso, 41% dos pedidos de asilo apresentados entre julho de 2022 e junho de 2023 provieram de pessoas que atravessaram o Canal da Mancha (que liga França ao Reino Unido) em pequenas embarcações, um fenómeno que o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, prometeu travar.
O número de migrantes que conseguiram chegar ao solo britânico desta forma atingiu um recorde em 2022, mais de 45.000, e, embora, o ritmo pareça estar a abrandar, mais de 19.000 migrantes já fizeram a travessia em 2023.
O Governo conservador está a intensificar os esforços para reduzir o número de travessias, tendo implementado uma nova lei, criticada pela ONU, que proíbe os migrantes que chegarem ilegalmente a solo britânico de pedirem asilo.
A legislação prevê a deportação para o próprio país ou para países terceiros, como o Ruanda, um projeto que até agora foi bloqueado pelos tribunais.
"O enorme atraso na tomada de decisões de asilo é o resultado do ambiente hostil criado pelo Governo e está a causar imenso sofrimento aos refugiados que só querem continuar com as suas vidas", comentou a organização Refugee Action na rede social X (antigo Twitter).
Leia Também: Primeiros requerentes de asilo no Reino Unido instalam-se em polémica barcaça