O presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, afirmou, esta sexta-feira, que alertou os líderes do Grupo Wagner Yevnegy Prigozhon e Dmitry Utkin - ambos alegadamente mortos num acidente de avião - que poderiam correr perigo de vida.
Citado pela agência de notícias Reuters, Lukashenko revelou que avisou Prigozhin em duas ocasiões diferentes. Ambos os avisos foram desvalorizados pelo empresário russo.
Um dos avisos surgiu durante a rebelião falhada contra o Kremlin, especificamente o Ministério da Defesa, quando o presidente bielorrusso afirmou que Prigozhin "morreria" se continuasse a marchar em direção a Moscovo.
"Que se lixe - eu morro", terá respondido Prigozhin.
Depois, quando o Grupo Wagner foi transferido para a Bielorrússia, como parte do acordo entre Yevgeny e o presidente russo, Vladimir Putin, Lukashenko voltou a avisar Prigozhin e o sócio Uktin.
"Rapazes, tenham cuidado", disse-lhes, segundo as declarações divulgadas pela agência de notícias estatal BELTA e citadas pela Reuters.
No entanto, Lukashenko rejeita que a Rússia – um dos aliados da Bielorrússia – esteja envolvida na morte dos líderes dos mercenários.
"Conheço Putin: ele é calculista, muito calmo, até mesmo tardio", explicou. "Não posso imaginar que tenha sido Putin a fazê-lo, que Putin seja o culpado. É um trabalho demasiado rude e pouco profissional".
Esta sexta-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, negou que a presidência russa tenha tido qualquer envolvimento na presumível morte de Prigozhin, que aconteceu dois meses após a rebelião falhada.
"Trata-se de uma mentira absoluta", respondeu, quando questionado sobre as insinuações de líderes ocidentais de que a presidência russa teria ordenado o assassinato de Prigozhin.
Yevgeny Prigozhin, de 62 anos, estaria na lista de passageiros de um avião do Grupo Wagner que caiu na quarta-feira, durante um voo entre Moscovo e São Petersburgo, e levou à morte de todas as 10 pessoas a bordo.
As autoridades russas até agora não avançaram quaisquer causas que expliquem a queda do jato privado Embraer Legacy que, segundo as autoridades de aviação civil russas, além de Prigozhin, transportava outros responsáveis do grupo Wagner, incluindo o fundador Dmitri Utkin.
Na quinta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, enviou condolências às pessoas próximas do líder do Grupo Wagner e dos outros ocupantes do avião, e prometeu um inquérito "até ao fim".
Na sua primeira reação após a queda do jato privado, Putin referiu-se a Prigozhin como um homem "talentoso" e "com um destino complicado, que cometeu erros graves na vida, mas que obteve os resultados que precisava".
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