Após a morte dos fundadores, o que se segue para o Grupo Wagner?
Se há quem pense que o grupo deixará de existir, há também quem considere que "Utkin e Prigozhin não são a totalidade da liderança".
© Contributor/Getty Images
Mundo Rússia
Os fundadores do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin e Dmitry Utkin, foram dados como mortos num acidente de aviação, ocorrido na passada quarta-feira na região russa de Tver. O futuro da empresa militar privada, formada após a revolução ucraniana de 2014 e a anexação da Crimeia pela Rússia e que apoia os separatistas pró-russos, é agora incerto.
Contudo, se há quem pense que o grupo deixará de existir, há também quem considere que "Utkin e Prigozhin não são a totalidade da liderança".
Citado pelo The New York Times, o deputado russo Alexander Borodai, que serviu como primeiro-ministro da autoproclamada república de Donetsk, em 2014, considerou que a empresa "Wagner, em si mesma, como estrutura, muito provavelmente não existirá".
Segundo Borodai, os mercenários vão continuar a lutar, mas muitos já se juntaram a equipas de voluntários e a unidades oficiais das Forças Armadas russas. "Há muitos deles. É um grande fluxo. O fluxo não começou ontem e não vai acabar amanhã. As pessoas estão a chegar, vão continuar a lutar, têm experiência", explicou.
"Quanto ao futuro do PMC Wagner, eu não sei. Mas provavelmente não haverá nenhum", acrescentou.
Uma opinião diferente tem um mercenário do grupo, identificado apenas como Adzhit, de 36 anos. Num memorial improvisado junto à Praça Vermelha, em Moscovo, o combatente lembrou que "Utkin e Prigozhin não são a totalidade da liderança".
"Se conhecermos a estrutura interna do Wagner, podemos compreender uma coisa: a perda de um, dois ou três elementos não afetará de forma alguma a eficácia desta formação", afirmou ao The New York Times.
Já à revista TIME, Amalendu Misra, professor de política internacional na Universidade de Lancaster, em Inglaterra, considerou que não é possível avançar com um nome para substituir Prigozhin, uma vez que a estrutura da liderança do grupo é mantida em segredo.
No entanto, o professor afirmou que o grupo paramilitar continuará a desempenhar um papel essencial na política externa russa e irá manter-se afastado do Ministério da Defesa da Rússia.
"O Kremlin não vai dizer que foi nomeada uma nova pessoa [como líder] porque isso iria abrir-se a todo o tipo de questões legais e acusações de crimes de guerra", explicou Misra. "Portanto, isto vai acontecer de forma discreta. Suponho que tudo isto tenha sido planeado há muito tempo".
"O Kremlin não quer que ninguém tenha o mesmo grau de personalidade pública em relação a quem quer que seja o futuro chefe do Grupo Wagner", acrescentou. "Esta nova liderança será recetiva às sugestões e pontos de vista do Kremlin e não haverá qualquer tipo de confronto como vimos anteriormente".
Yevgeny Prigozhin, de 62 anos, estava na lista de passageiros de um avião do Grupo Wagner que caiu na quarta-feira, durante um voo entre Moscovo e São Petersburgo, e levou à morte de todas as 10 pessoas a bordo.
A alegada morte aconteceu dois meses após o líder do grupo de mercenários ter levado a cabo uma rebelião falhada contra o Kremlin, especificamente o Ministério da Defesa. Após a investida, que durou cerca de 24 horas e terminou com um acordo, Prigozhin passou a residir na Bielorrússia.
As autoridades russas até agora não avançaram quaisquer causas que expliquem a queda do jato privado Embraer Legacy que, segundo as autoridades de aviação civil russas, além de Prigozhin, transportava outros responsáveis do grupo Wagner, incluindo o fundador Dmitri Utkin.
Após dias de especulação, o Comité de Investigação Russo revelou, no domingo, que a morte de Prigozhin foi confirmada por exames genéticos.
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