Ucrânia. Erdogan vai à Rússia tentar reativar acordo sobre cereais
O Presidente da Turquia vai deslocar-se em breve à Rússia para discutir com o homólogo russo o reatamento do acordo sobre a exportação de cereais ucranianos, anunciou hoje o porta-voz do partido de Recep Tayyip Erdogan.
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Mundo Guerra na Ucrânia
O porta-voz disse que a iniciativa partiu da Erdogan "para evitar que o mundo enfrente uma crise alimentar".
"Em breve, visitará Sochi. Acreditamos que poderá haver novos desenvolvimentos após esta visita", disse Omer Celik, citado pela agência francesa AFP.
As autoridades turcas e russas não indicaram qualquer data para o encontro de Erdogan com o Presidente Vladimir Putin.
A agência financeira Bloomberg noticiou que a deslocação poderá ocorrer em 08 de setembro, antes de Erdogan partir para a cimeira do G20, que se realiza nos dois dias seguintes em Nova Deli.
A Rússia integra o grupo das 19 economias mais desenvolvidas e da União Europeia, mas o Kremlin (presidência) anunciou na semana passada que Putin não se deslocará à Índia por estar concentrado na guerra com a Ucrânia.
Putin é alvo de um mandado de captura do Tribunal Penal Internacional (TPI) por alegados crimes de guerra na Ucrânia, que a Rússia invadiu em 24 de fevereiro de 2022, pelo que arrisca ser detido se viajar para o estrangeiro.
O Kremlin negou as acusações contra Putin e não usou o mandado do TPI para justificar a ausência do líder russo da cimeira dos BRICS, na semana passada na África do Sul.
A Turquia é uma das partes dos acordos que a ONU assinou em julho de 2022 com Moscovo e Kiev para permitir a exportação de cereais pelo Mar Negro que estavam retidos devido à guerra.
Em julho deste ano, a Rússia pôs termo ao acordo alegando que as sanções ocidentais que lhe foram impostas por ter invadido a Ucrânia a impedem de exportar cereais e fertilizantes agrícolas.
Desde então, Moscovo ameaçou atacar no Mar Negro os navios que zarpem de portos ucranianos.
A Ucrânia está agora dependente de rotas terrestres e de um porto fluvial pouco profundo, o que limita consideravelmente o volume de exportações.
Desde que abandonou o acordo, a Rússia atacou infraestruturas de cereais ucranianas, o que lhe valeu acusações da Ucrânia e do Ocidente de agravar a insegurança alimentar no mundo.
Antes da guerra, a Ucrânia e a Rússia forneciam, em conjunto, 28% do trigo consumido no mundo, 29% da cevada, 15% do milho e 75% do óleo de girassol, segundo a revista britânica The Economist.
Num ano, a iniciativa do Mar Negro permitiu a saída de cerca de 33 milhões de toneladas de cereais e outros produtos alimentares de três portos ucranianos para 45 países.
A Turquia está a tentar reavivar o acordo original na esperança de o utilizar como trampolim para negociações de paz mais amplas entre Kiev e Moscovo, de acordo com a AFP.
O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, afirmou na sexta-feira, durante uma visita a Kiev, que não via "qualquer alternativa" à reativação do acordo original.
Fidan deverá deslocar-se a Moscovo nos próximos dias para discutir as exigências do Kremlin e organizar um encontro entre Erdogan e Putin.
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