Casa Branca diz que acompanha de "muito perto" a situação no Gabão
A Casa Branca "está a acompanhar de muito perto" a situação no Gabão, onde soldados golpistas colocaram o presidente, Ali Bongo Ondimba, em prisão domiciliária, disse hoje um dos porta-vozes do executivo norte-americano.
© Samuel Corum/Bloomberg via Getty Images
Mundo EUA
John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, garantiu que o pessoal diplomático norte-americano, bem como o pessoal militar presente no Gabão, estavam seguros.
O porta-voz recusou-se a comentar a reeleição do presidente Ali Bongo, no poder há 14 anos, e limitou-se a garantir que os Estados Unidos "continuam focados no trabalho a ser feito com os parceiros em África e com toda a população do continente para ajudar a apoiar a democracia".
O porta-voz considerou a sucessão de golpes de Estado em África nos últimos anos "profundamente preocupante", mas considerou que é "muito cedo" para falar numa "tendência".
O Gabão enfrenta desde a madrugada de hoje um golpe de Estado levado a cabo por militares, iniciado pouco depois de terem sido anunciados os resultados das eleições de sábado, segundo os quais o presidente, Ali Bongo Ondimba, permaneceria no poder, dando continuidade a 55 anos de domínio do poder pela sua família.
Um grupo de militares do Gabão anunciou na televisão o cancelamento das eleições presidenciais que reelegeram Ali Bongo e a dissolução de todas as instituições democráticas.
Depois de constatar "uma governação irresponsável e imprevisível que resulta numa deterioração contínua da coesão social que corre o risco de levar o país ao caos (...) decidiu-se defender a paz, pondo fim ao regime em vigor", declarou um dos militares.
O mesmo militar, alegando falar em nome de um Comité de Transição e Restauração Institucional, disse que todas as fronteiras do Gabão estavam "encerradas até nova ordem".
De acordo com a agência France-Presse, durante a transmissão televisiva ouviram-se tiros de metralhadoras automáticas em Libreville.
Horas antes, a meio da noite, às 03:30 (mesma hora em Lisboa), o Centro Eleitoral do Gabão (CGE, na sigla em francês) tinha divulgado na televisão estatal, sem qualquer anúncio prévio, os resultados oficiais das eleições presidenciais.
A comissão eleitoral anunciou que o presidente Ali Bongo Ondimba, no poder há 14 anos, tinha conquistado um terceiro mandato nas eleições de sábado com 64,27% dos votos expressos, derrotando o principal rival, Albert Ondo Ossa, com 30,77% dos votos.
O anúncio foi feito numa altura em que o Gabão estava sob recolher obrigatório e com o acesso à Internet suspenso em todo o país, medidas impostas pelo Governo no sábado, dia das eleições.
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