Bruxelas admite prorrogar acordo na UE para passagem de cereais
A Comissão Europeia admitiu hoje prorrogar até dezembro o acordo alcançado com cinco Estados-membros da União Europeia (UE), incluindo Polónia e Hungria, para garantir o trânsito de cereais ucranianos, após proibições de importação impostas por estes países.
© HENRIK MONTGOMERY/TT News Agency/AFP via Getty Images
Mundo Ucrânia
A posição foi hoje transmitida pelo comissário europeu da Agricultura, Janusz Wojciechowski, numa audição da comissão da Agricultura e do Desenvolvimento Rural do Parlamento Europeu, em Bruxelas, na qual disse aos eurodeputados que o executivo comunitário "está a debater esta ideia" de prorrogar este acordo até dezembro, sem que tenha sido tomada qualquer decisão até ao momento, embora o objetivo seja encontrar uma solução até meados de setembro próximo, quando seriam retomadas as proibições.
Caso esta retoma aconteça, "teremos um problema, e possivelmente um problema maior do que aquele que tivemos anteriormente", acrescentou.
Em abril passado, a Comissão Europeia anunciou um acordo com cinco Estados-membros, incluindo a Polónia e a Hungria, para garantir o trânsito de cereais ucranianos, após proibições de importação impostas por vários destes países e consideradas inaceitáveis por Bruxelas.
A UE suspendeu em maio de 2022, por um ano, os direitos aduaneiros sobre todos os produtos importados da Ucrânia e trabalhou para permitir a exportação dos seus 'stocks' de cereais após o encerramento das rotas pelo Mar Negro, na sequência da invasão do país pela Rússia em fevereiro 2022.
Os países vizinhos da UE registaram um aumento substancial nas chegadas de milho, trigo ou girassol da Ucrânia, fazendo com que os armazenamentos ficassem saturados e os preços locais caíssem.
Polónia, Hungria, Eslováquia e Bulgária proibiram, por isso, cereais e outros produtos agrícolas importados da Ucrânia em meados de abril passado, dizendo que queriam proteger os seus agricultores, abrindo um confronto com a Comissão Europeia, responsável pela política comercial da UE.
Nessa altura, o executivo comunitário concluiu então um acordo de princípio com esses quatro países, bem como com a Roménia.
O acordo prevê o fim das medidas de proibição unilateral tomadas por esses países, em troca de medidas excecionais de salvaguarda relativas a quatro produtos ucranianos considerados os mais sensíveis: trigo, milho, colza e sementes de girassol.
Hoje, Janusz Wojciechowski admitiu que esta situação causou "enormes distorções" nos mercados agrícolas locais.
O responsável europeu pela tutela indicou ainda que Bruxelas está a considerar a possibilidade de apoiar o trânsito de cereais provenientes da Ucrânia através de ajudas a este país para pagar aos transportadores os custos adicionais de transporte para os portos do Báltico e outros locais de onde os cereais partem para países terceiros.
Questionada na conferência de imprensa da instituição, em Bruxelas, a porta-voz para a área comercial, Miriam García Ferrer, indicou que esta ambição do comissário europeu se trata de uma "proposta pessoal", embora o executivo comunitário continue a trabalhar no desbloqueio da passagem dos cereais ucranianos.
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