O Ministério das Negócios Estrangeiros da Rússia disse estar particularmente preocupado com os "exercícios militares dos Estados Unidos em território arménio" e com uma visita à capital da Ucrânia, país invadido pelas forças russas em fevereiro do ano passado, da mulher do primeiro-ministro da Arménia.
Os arménios criticam Moscovo e as suas forças de manutenção da paz por não cumprirem a sua missão, ao permitirem que o Azerbaijão bloqueasse uma rota fundamental para abastecer o enclave de Nagorno-Karabakh, território que os dois países disputam há décadas.
Na quinta-feira, o Kremlin (Presidência russa) já tinha alertado que as manobras militares podem desestabilizar a região do Cáucaso.
"É claro que a realização de tais exercícios não estabiliza a situação na região, nem fortalece uma atmosfera de confiança mútua", disse Dmitri Peskov, porta-voz da Presidência russa, afirmando, apesar das críticas arménias, que "a Rússia continua a cumprir o seu papel como garante da segurança regional.
A Arménia anunciou na quarta-feira que iria acolher exercícios militares conjuntos na próxima semana com os Estados Unidos envolvendo as suas forças de manutenção da paz, mais um sinal dos esforços de Erevan para se distanciar do seu tradicional aliado russo.
As manobras "Eagle Partner 2023" anunciadas na quarta-feira pelo Ministério da Defesa da Arménia vão realizar-se de 11 a 20 de setembro no centro de treino de Zar e pretendem "aumentar o nível interoperacional" das forças norte-americanas e arménias que participam em operações de manutenção da paz.
Arménia e Azerbaijão, duas ex-repúblicas soviéticas do Cáucaso, enfrentaram-se em duas guerras, no início dos anos 1990 e em 2020, pelo controlo do enclave de Nagorno-Karabakh, uma região montanhosa cuja população é maioritariamente arménia e que se separou do Azerbaijão há mais de 30 anos.
No final da curta guerra em que, no outono de 2020, o Azerbaijão recuperou territórios dessa região separatista, Baku e Erevan concluíram um cessar-fogo promovido pela Rússia.
Os incidentes armados colocam regularmente arménios e azeris uns contra os outros na fronteira, enquanto as mediações por vezes organizadas pela União Europeia (UE), pelos Estados Unidos ou pela Rússia não têm sucesso.
As tensões intensificaram-se este ano, quando Baku anunciou, em 23 de abril, ter instalado um primeiro posto de controlo rodoviário à entrada do corredor de Latchin, único eixo que liga a Arménia ao enclave separatista, já submetido a um embargo que causou escassez de bens de primeira necessidade e cortes de energia elétrica.
Entretanto, a mulher do primeiro-ministro da Arménia, Nikol Pachinian, deslocou-se a Kiev na quarta-feira para participar numa reunião organizada pela primeira-dama ucraniana sobre questões humanitárias.
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