"É uma oportunidade para prestarmos o nosso mais profundo respeito às vítimas da repressão que se seguiu àquele golpe e para homenagearmos a extraordinária coragem e os sacrifícios de inúmeros chilenos que lutaram pelos direitos humanos e pelo fim da ditadura e pelo regresso à democracia", salientou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, durante uma conferência de imprensa.
Miller sublinhou que o governo liderado pelo democrata Joe Biden procurou "ser transparente sobre o papel americano nesse capítulo da história chilena, ao desclassificar recentemente documentos de 1973", como o governo chileno tinha solicitado a Washington.
Em 25 de agosto, os Estados Unidos tornaram públicos dois relatórios presidenciais sobre o golpe de Estado de Augusto Pinochet, em 11 de setembro de 1973 no Chile, ao derrubar o então Presidente Salvador Allende.
O golpe de Estado iria marcar o início de uma ditadura sangrenta que durou 17 anos, oficialmente responsável por 3.200 assassinatos e desaparecimentos.
No primeiro relatório divulgado pelos EUA, datado de 08 de setembro daquele ano, assessores do então Presidente Richard Nixon (1969-1974) alertaram sobre uma "possível tentativa de golpe" no país latino-americano.
O segundo documento, de 11 de setembro, relata que várias "unidades militares principais" apoiaram a tentativa.
Miller não quis comentar hoje as ações do executivo norte-americano daquela altura: "Não vou falar detalhadamente sobre acontecimentos que ocorreram numa administração anterior, há 50 anos".
O Departamento de Estado acrescentou posteriormente, em comunicado, que esta comemoração é também uma oportunidade para refletir "sobre o corajoso regresso do Chile à democracia e à liderança internacional".
"Hoje, o Chile é um modelo global de democracia forte em ação e um firme defensor da democracia e dos direitos humanos no cenário internacional. A sua experiência ao longo dos últimos 50 anos torna a sua defesa especialmente significativa e convincente", destacou a diplomacia norte-americana.
Num olhar para o futuro, o Departamento de Estado acrescentou que os Estados Unidos continuam a reafirmar o seu "total compromisso em apoiar a democracia e defender os direitos humanos".
Washington também "valoriza muito" a sua parceria com o Chile nestes esforços, "como parceiros para um futuro melhor", concluiu.
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