Iraque pede à Suécia extradição de iraquiano que profanou o Corão
Um refugiado iraquiano na Suécia, Salwan Momika, autor de diversas profanações do Corão, foi hoje interrogado pela polícia sueca no âmbito de um pedido de extradição pelo Iraque, indicou hoje Momika e o seu advogado à agência noticiosa AFP.
© Chris McGrath/Getty Images
Mundo Corão
"O Iraque pede a minha extradição para que seja julgado no Iraque segundo a lei islâmica porque queimei o Corão na Suécia", disse.
Salwan Momika motivou uma vaga de indignações internacionais em junho, ao queimar e espezinhar o Corão frente da maior mesquita de Estocolmo no primeiro dia do Aida al-Adha, a "Festa do sacrifício" celebrada pelos muçulmanos à escala global.
Numa reação à sua atuação, diversos manifestantes invadiram por um breve período a embaixada da Suécia em Bagdade.
"O Iraque pretende que seja extraditado porque queimou um Corão frente a uma mesquita em junho. Mas a lei estipula que para ser extraditado é necessário ter cometido um crime na Suécia ou no Iraque", indicou à AFP o seu advogado David Hall.
"Não se tratou de um crime na Suécia, e por isso não é possível a Suécia extraditá-lo", acrescentou após a audição do seu cliente.
"Não sei por que motivo o Iraque se embaraça com nesse pedido. Estou convencido que o Governo iraquiano sabe isso", acrescentou.
Segundo o seu advogado, o procurador responsável pelo caso deverá solicitar uma deliberação do Supremo Tribunal sobre o pedido de extradição, um processo que segundo Hall se poderá prolongar por semanas ou meses.
Momika assegurou que vai "apresentar queixa contra o ministro dos Negócios Estrangeiros iraquiano, Fuad Hussein porque cometeu um crime político contra" si, numa referência ao pedido de extradição.
Após uma nova profanação do Corão em julho, o Iraque ordenou a expulsão da embaixadora sueca em Bagdade e a suspensão da licença no país da empresa de telecomunicações Ericsson.
O Governo sueco condenou as profanações do Corão, mas sublinhou a prevalência da liberdade de expressão e de manifestação no país escandinavo.
Em meados de agosto, o Governo de Estocolmo decidiu reforçar o seu nível de alerta terrorista, ao considerar que a ameaça de atentados "vai permanecer durante muito tempo".
O Executivo estuda as formas legais de proibir as manifestações onde sejam profanados livros religiosos, mas parece longe de garantir num consenso sobre uma alteração legislativa.
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