Quase 14 mil pessoas entraram em Itália por terra nos primeiros 8 meses
Quase 14 mil migrantes e refugiados entraram em Friuli Venezia Giulia, região do nordeste de Itália que faz fronteira com a Áustria e a Eslovénia, nos primeiros oito meses deste ano, afirmou hoje o ministro do Interior italiano.
© Reuters
Mundo Refugiados
O número confirma uma tendência ascendente iniciada em 2021, alertou Matteo Piantedosi, referindo-se ao aumento do fluxo de pessoas que chegam a Itália através das fronteiras terrestres do nordeste, provenientes da Turquia e da Grécia.
Esta tendência levou o Governo italiano a ativar "um mecanismo de transferência sistemática de migrantes para centros de acolhimento localizados noutras regiões",explicou Piantedosi.
A decisão tem, no entanto, sido denunciada por associações e voluntários de Trieste (capital da região de Friuli Venezia Giulia), por estar a provocar uma emergência humanitária devido à falta de vagas em centros de acolhimento formais e à falta de transferência dos recém-chegados para instalações fora da área.
Consequentemente, mais de 500 requerentes de asilo com direito a acolhimento estão a dormir na rua na capital regional.
Piantedosi acrescentou que a "gestão eficiente e equilibrada do sistema de acolhimento exige que o Governo mantenha uma visão abrangente dos fluxos migratórios".
"Uma vez que existem múltiplas rotas de acesso, estamos empenhados em distribuir as chegadas o mais amplamente possível pelos territórios para alcançar um equilíbrio justo entre as regiões e limitar o impacto nas comunidades locais", afirmou o ministro no parlamento.
O estado de emergência declarado pelo Governo da primeira-ministra, Giorgia Meloni, "permitiu ampliar a rede nacional de instalações extraordinárias de acolhimento e distribuir diariamente muitos milhares de pessoas", garantiu Piantedosi.
Itália, a par da Grécia, Espanha ou Malta, é um dos países da "linha da frente" ao nível das chegadas de migrantes irregulares à Europa.
O país está integrado na chamada rota do Mediterrâneo Central, encarada como uma das mais mortais, que sai da Tunísia, Argélia e da Líbia em direção ao território italiano, em particular à ilha de Lampedusa, e a Malta.
Também nesta rota marítima o país tem estado sob uma forte e crescente pressão, com as chegadas à ilha siciliana de Lampedusa a baterem um recorde nas últimas 24 horas ao receber um total de 5.112 migrantes.
Na terça-feira, foram registados 110 desembarques com mais de 5 mil migrantes na pequena ilha siciliana, que fica mais perto da costa africana do que da própria península italiana, e desde as 00:00 de hoje já chegaram mais 23 embarcações, com quase um milhar de migrantes, muitos dos quais aguardam no porto, já que o centro de acolhimento ('hotspot') de Lampedusa, com capacidade para 400 pessoas, está completamente sobrelotado, com cerca de 6 mil migrantes.
De acordo com os órgãos de comunicação social italianos, no porto de Lampedusa regista-se um autêntico engarrafamento de embarcações e o pessoal de salvamento e a Cruz Vermelha não conseguem gerir o fluxo de pessoas, o que levou o presidente da câmara de Lampedusa, Filippo Mannino, a exortar o Governo a tomar "medidas de emergência", como a intervenção do exército.
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