"Sim, vou aceitar a demissão [do enviado da ONU no Sudão], porque ele tem razões muito fortes para querer deixar o cargo. Tenho de respeitar a sua vontade e aceitar o seu pedido de demissão", afirmou António Guterres numa conferência de imprensa na sede da ONU em Nova Iorque.
"Agradeço ao Secretário-Geral [da ONU, António Guterres] por esta oportunidade e pela confiança que depositou em mim, mas pedi-lhe que me dispensasse desta função", declarou ao Conselho o enviado das Nações Unidas, cuja missão era procurar fazer recuar as duas partes em conflito, o exército sudanês e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF).
"O que começou como um conflito entre duas formações militares pode transformar-se numa guerra civil total", afirmou Volker Perthes, sublinhando que "os combates não mostram sinais de abrandamento e nenhum dos lados parece próximo" de uma vitória militar decisiva.
Pelo menos 40 pessoas foram mortas hoje em Nyala, capital de Darfur do Sul, em ataques aéreos do exército, disseram à agência de notícias francesa AFP uma fonte médica e testemunhas.
Perthes foi enviado da ONU no Sudão durante dois anos e meio e chefiou a missão da ONU, UNAMIT, criada em junho de 2020 para apoiar a transição democrática naquele país após o golpe de Estado que levou à queda de Omar al-Bashir.
Mas acabou por ser considerado um crítico do chefe do exército sudanês, o general Abdel Fattah al-Burhane, que apelou à sua demissão, culpando-o pela guerra que eclodiu em meados de abril com os paramilitares do general Mohamed Hamdane Daglo.
"Devemos fazer com que os beligerantes compreendam que não podem agir impunemente e que terão de responder pelos crimes cometidos", disse Perthes.
Segundo números que citou, mas que considerou abaixo da realidade, cerca de 5.000 pessoas foram mortas desde o início do conflito, em 15 de abril, e mais de 12.000 ficaram feridas, números abaixo da realidade.
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