António Guterres aceita demissão de enviado da ONU no Sudão

O enviado da ONU no Sudão, o alemão Volker Perthes, apresentou hoje a sua demissão ao Conselho de Segurança, que já foi aceite pelo Secretário-Geral da organização, alertando para o risco de uma "guerra civil" no país.

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© REUTERS/El Tayeb Siddig/File Photo

Lusa
13/09/2023 17:29 ‧ 13/09/2023 por Lusa

Mundo

Sudão

"Sim, vou aceitar a demissão [do enviado da ONU no Sudão], porque ele tem razões muito fortes para querer deixar o cargo. Tenho de respeitar a sua vontade e aceitar o seu pedido de demissão", afirmou António Guterres numa conferência de imprensa na sede da ONU em Nova Iorque.

"Agradeço ao Secretário-Geral [da ONU, António Guterres] por esta oportunidade e pela confiança que depositou em mim, mas pedi-lhe que me dispensasse desta função", declarou ao Conselho o enviado das Nações Unidas, cuja missão era procurar fazer recuar as duas partes em conflito, o exército sudanês e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF).

"O que começou como um conflito entre duas formações militares pode transformar-se numa guerra civil total", afirmou Volker Perthes, sublinhando que "os combates não mostram sinais de abrandamento e nenhum dos lados parece próximo" de uma vitória militar decisiva.

Pelo menos 40 pessoas foram mortas hoje em Nyala, capital de Darfur do Sul, em ataques aéreos do exército, disseram à agência de notícias francesa AFP uma fonte médica e testemunhas.

Perthes foi enviado da ONU no Sudão durante dois anos e meio e chefiou a missão da ONU, UNAMIT, criada em junho de 2020 para apoiar a transição democrática naquele país após o golpe de Estado que levou à queda de Omar al-Bashir.

Mas acabou por ser considerado um crítico do chefe do exército sudanês, o general Abdel Fattah al-Burhane, que apelou à sua demissão, culpando-o pela guerra que eclodiu em meados de abril com os paramilitares do general Mohamed Hamdane Daglo.

"Devemos fazer com que os beligerantes compreendam que não podem agir impunemente e que terão de responder pelos crimes cometidos", disse Perthes.

Segundo números que citou, mas que considerou abaixo da realidade, cerca de 5.000 pessoas foram mortas desde o início do conflito, em 15 de abril, e mais de 12.000 ficaram feridas, números abaixo da realidade.

Leia Também: Sudão. Ataques aéreos mataram pelo menos 40 pessoas hoje em Nyala

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