"O acordo UE-Mercosul, que é um instrumento de sustentabilidade adicional, recebeu ontem [quinta-feira] a resposta do Mercosul e foram também realizadas discussões a nível dos negociadores principais. Ainda vamos demorar alguns dias a fazer a avaliação e a apresentar as reações, mas há uma vontade de nos empenharmos intensamente e de fazer progressos e, esperamos, de facto, concluir até ao final do ano", declarou o vice-presidente executivo da Comissão Europeia com a pasta do Comércio.
Falando na conferência de imprensa após a reunião entre os ministros das Finanças da UE e da América Latina e Caraíbas, que se realizou hoje em Santiago de Compostela no âmbito da presidência espanhola da União, Valdis Dombrovskis salientou que existe uma vontade de ambas as partes de se empenharem e progredirem no acordo UE-Mercosul, que é, de facto, económica e geopoliticamente importante em termos de valor económico".
Além disso, "é o maior acordo que a UE negociou e, como sabemos, tem havido preocupações do lado da UE relativamente a questões ambientais e, nomeadamente, à desflorestação", recordou.
Também presente na ocasião, a vice-presidente espanhola e ministra para os Assuntos Económicos, Nadia Calviño, garantiu que Espanha "está totalmente empenhada nestas negociações".
"Pensamos que são vantajosas para nós e para a América Latina e Caraíbas, pelo que faremos tudo o que estiver ao nosso alcance, enquanto presidência, para impulsionar estas negociações de modo a que cheguem rapidamente a um resultado positivo", adiantou.
Na quinta-feira, negociadores deste acordo comercial voltaram a reunir-se para o discutir, no dia em que o Mercosul respondeu à UE, manifestando "maior empenho" para concluir o protocolo até final do ano.
Os negociadores da UE e do Mercosul estão então a ultimar as discussões para concluir este acordo comercial, que teve aval há cinco anos, mas que tem vindo a ser contestado dentro do bloco comunitário por razões concorrenciais e ambientais.
O acordo UE-Mercosul abrange os 27 Estados-membros da UE mais Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, o equivalente a 25% da economia global e 780 milhões de pessoas, quase 10% da população mundial.
Outro dos assuntos abordados foi a reflorestação amazónica, com Nadia Calviño a apontar que "o crescimento 'verde' que protege a Amazónia foi tema importante, várias vezes ao longo do dia", no encontro que juntou os 27 ministros das Finanças da UE e os 33 ministros das Finanças da América Latina e Caraíbas.
"A reunião de hoje foi histórica e sem precedentes, como disse, há 60 países de ambos os lados do Atlântico", adiantou a responsável espanhola.
Em meados de julho passado, a Comissão Europeia anunciou um investimento de 45 mil milhões de euros na América Latina e Caraíbas, em 135 projetos como a expansão das telecomunicações e a reflorestação da Amazónia, reforçando a cooperação entre os blocos regionais.
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