"A passagem simultânea dos veículos da Cruz Vermelha foi assegurada" através do corredor de Lachin, a única estrada que liga a Arménia a este território separatista, povoado principalmente por arménios, e através da estrada de Aghdam, que liga Nagorno-Karabakh ao resto do Azerbaijão, disse nas redes sociais Hikmet Hajiev, conselheiro do presidente do Azerbaijão, Ilham Aliev.
O Comité Internacional da Cruz Vermelha confirmou num comunicado que, graças a "um consenso humanitário entre os decisores", está "a entregar farinha de trigo e produtos médicos essenciais" a Nagorno-Karabakh através das duas vias.
Os habitantes do enclave "precisam urgentemente de ajuda duradoura através de entregas humanitárias regulares", indicou a diretora regional da Cruz Vermelha na Europa e Ásia Central.
Num comunicado de imprensa, Ariane Bauer disse que o consenso alcançado entre Baku e os separatistas permitiu que as equipas da Cruz Vermelha "retomassem este trabalho vital".
A Arménia acusou o Azerbaijão de provocar uma crise humanitária em Nagorno-Karabakh ao bloquear, em 2022, o corredor de Latchin.
O corredor de Latchin é gerido por soldados de uma missão de manutenção da paz russa, no âmbito de um cessar-fogo mediado pela Rússia, assinado entre Baku e Yerevan em 2020.
Baku tinha rejeitado estas acusações, afirmando que Nagorno-Karabakh poderia receber toda a ajuda de que necessita através do Azerbaijão.
Em 13 de setembro, Baku declarou-se pronto a permitir a passagem "regular" da ajuda humanitária da Cruz Vermelha para a região de Nagorno-Karabakh, acusando "as autoridades arménias locais" de bloquearem o acesso.
As autoridades separatistas de Nagorno-Karabakh disseram no domingo que "mediadores" estão "a trabalhar para organizar uma reunião com os representantes oficiais de Artsakh, [a autoproclamada república arménia] a fim de aliviar a tensa situação humanitária e de segurança na república".
A União Europeia e os Estados Unidos tinham apelado à reabertura do corredor de Latchin e da estrada de Aghdam para a passagem da ajuda humanitária, uma vez que Nagorno-Karabakh sofre de escassez de medicamentos e de produtos alimentares.
Esta crise e o destacamento de forças armadas por parte de Baku para as proximidades de Nagorno-Karabakh e ao longo da fronteira com a Arménia fazem temer um novo conflito.
No final da última guerra, que no outono de 2020 fez com que a Arménia perdesse um território que controlava desde os anos 1990, os dois países não conseguiram chegar a um acordo de paz, apesar dos esforços de mediação da União Europeia, dos Estados Unidos e da Rússia.
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