"O projeto é considerado exemplar em termos de concretização. Se me pergunta se quando o projeto terminar, em 2025, se vai ser preciso uma extensão? Eu admito que sim e acho, aliás, altamente provável que seja necessário ir além de 2025", afirmou Jorge Moreira da Silva, questionado pelos jornalistas após reunir-se, em Nova Iorque, com o Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, à margem da 78.ª reunião anual da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque.
Desde 2022 que a UNOPS lidera a execução do apoio aos mais de um milhão de refugiados de todos os distritos de Cabo Delgado, província do norte de Moçambique afetada pelos ataques terroristas nos últimos seis anos, no valor de 200 milhões de dólares (cerca de 187 milhões de euros) financiado pelo Banco Mundial e destinado a projetos de desenvolvimento e humanitários na região.
Trata-se do maior projeto humanitário em curso no país e o maior em desenvolvimento pela UNOPS em África, atuando na qualidade de vida das pessoas que fugiram ao conflito, bem-estar dessas populações e das populações de acolhimento, mas também na reabilitação e construção de infraestruturas na área do saneamento, da água, da energia, da saúde e da educação, e que deverá ser prolongado.
"Não porque estejamos a derrapar, pelo contrário, as coisas estão a ser concretizadas em tempo útil e de uma forma eficiente, mas porque as necessidades são maiores. Nós sabemos que as necessidades da população naquela região, e o contexto associado, precisam de uma resposta que vá além em 2025. Portanto, eu espero sinceramente que, com o Banco Mundial e com o Governo de Moçambique, a UNOPS se possa ir além de 2025", reconheceu, anunciando que após ter recebido o convite do chefe de Estado moçambicano pretende visitar Cabo Delgado.
"Para conhecer, em termos práticos, as necessidades e perspetivar formas de ir além de 2025", já que envolve o "desenvolvimento da economia e a criação de emprego".
"Por isso, é um projeto que tem uma perspetiva de médio prazo. Não é um projeto que termina num ano", apontou o responsável do UNOPS, que lidera vários parceiros a implementar projetos de ação humanitária.
No encontro com o chefe de Estado moçambicano, Jorge Moreira da Silva assumiu ainda o objetivo de alargar os projetos no país: "Nós estivemos a conversar sobre outros projetos, nomeadamente no setor da energia. Moçambique é um dos países do mundo com maior potencial de crescimento da energia solar".
"Há um potencial muito significativo em Moçambique de crescimento da energia solar, mas ao mesmo tempo ainda existe muita população sem acesso a eletricidade, (...) precisamos de energia limpa para todos e isso pressupõe valorizar os recursos endógenos, neste caso a energia solar. E esta é uma área onde estamos muito interessados numa parceria com o Governo", acrescentou.
"Recebi o convite do senhor Presidente da República para me deslocar muito em breve a Moçambique para ver os projetos e também para discutir novos projetos. Fico muito contente que, sendo a UNOPS a maior agência com presença em Moçambique, que o Governo de Moçambique veja como muito positivo o nosso trabalho", apontou, explicando que a UNOPS é a agência das Nações Unidas "que faz acontecer".
"Não somos uma agência que desenha reformas ou desenha políticas. Isso é para outras agências ou para o Governo (...) Nos somos, na prática, os engenheiros das Nações Unidas. Somos aqueles que, uma vez que estão identificados os projetos e estratégias, fazemos acontecer. E eu tenho o maior interesse em que a comunidade de doadores olhe cada vez mais para Moçambique", disse ainda.
"É também um país extraordinário, com potencial de crescimento e desenvolvimento notáveis e por isso estamos muito interessados na parceria com outras agências das Nações Unidas e com outros governos, na parceria com Moçambique", concluiu.
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