As declarações oficiais sobre armamento destinado à Ucrânia ocorrem na altura em que se verificam tensões sobre a exportação de cereais ucranianos, que segundo Varsóvia, prejudicam a produção agrícola nacional.
"A Polónia só vai entregar as munições e armas previamente acordadas. Incluindo as resultantes de contratos assinados com a Ucrânia", disse hoje Piotr Muller à agência de notícias polaca PAP.
"A Polónia continua a ser um centro de ajuda internacional" à Ucrânia, disse o porta-voz governamental, lembrando que "nos primeiros meses da guerra, a Polónia forneceu tanques, veículos blindados, aviões, e munições".
Segundo Muller, os envios "foram cruciais para a defesa da Ucrânia" e necessários para evitar que a Rússia atacasse a Ucrânia e outros países da União Europeia - incluindo a Polónia".
Estas declarações ocorrem na sequência das palavras do primeiro-ministro polaco Mateusz Morawiecki, que afirmou na quarta-feira à noite que a Polónia "já não estava a transferir quaisquer armas para a Ucrânia" e que se estava a concentrar "principalmente na modernização e no rápido armamento do exército polaco".
O primeiro-ministro não disse quando é que a Polónia, um dos maiores fornecedores de armas à Ucrânia, deixou entregar armamento, nem relacionou a decisão com o diferendo sobre os cereais ucranianos, cujas importações foram proibidas por Varsóvia para proteger os interesses dos agricultores polacos.
A Polónia é um dos três países europeus que prolongaram o embargo aos cereais ucranianos, apesar da decisão de Bruxelas de levantar as restrições.
Em resposta, Kyiv afirmou ter apresentado uma queixa à Organização Mundial do Comércio, aumentando ainda mais as tensões diplomáticas.
Na quarta-feira, Varsóvia convocou o embaixador ucraniano "com urgência" para protestar contra as declarações do presidente Volodymyr Zelensky na ONU, onde no dia anterior tinha criticado "certos países (que) fingem solidariedade (com a Ucrânia) apoiando indiretamente a Rússia".
Entretanto, o vice-ministro polaco dos Negócios Estrangeiros, que recebeu o diplomata ucraniano, referiu-se ao que considerou "tese falsa", afirmando que a Polónia apoiou a Ucrânia desde os primeiros dias da guerra.
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