Polícia de Tigray atacou jornalistas que cobriam manifestação da oposição
A polícia da região etíope de Tigray atacou recentemente três jornalistas que faziam a cobertura de uma manifestação da oposição, denunciou hoje o Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
© Getty
Mundo CPJ
O CPJ denuncia também o intuito das autoridades locais de impedir o trabalho da imprensa na naquela região.
Teshager Tsigab, repórter do Yabele, bem como Mehari Kahsay e Mehari Selemon, cofundadores e repórteres do Ayam, disseram ao CPJ que foram espancados e presos pela polícia do Tigray a 07 de setembro, em Mekele, capital desta região norte de Etiópia, que faziam a cobertura de uma manifestação da oposição local proibida pelas autoridades regionais.
Os jornalistas adiantaram que foram libertados em 11 e 9 de setembro, respetivamente, sem qualquer acusação.
"O espancamento e a prisão destes três jornalistas dá uma mensagem assustadora de que as autoridades em Tigray se recusam a permitir que repórteres cubram questões críticas", afirmou Muthoki Mumo, chefe do CPJ para a África Subsaariana, em comunicado.
Os três jornalistas disseram ao CPJ que enquanto filmavam os manifestantes, separadamente, homens fardados da polícia ordenaram-lhes que parassem e espancaram-nos com paus e cabos elétricos.
"A Administração Regional Provisória (IRA) de Tigray deve investigar este incidente, levar à justiça os agentes responsáveis ??e garantir que a imprensa possa relatar, sem represálias, as manifestações da oposição e as vozes dissidentes", pediu a responsável da organização.
A IRA é liderada pela Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF), o partido hegemónico durante décadas nesta região e que governou a Etiópia com mão de ferro durante 27 anos, até o atual primeiro-ministro, Abiy Ahmed, ter chegado ao poder, em 2018.
A administração provisória foi nomeada após um acordo de paz assinado em novembro, que pôs fim a dois anos de guerra brutal entre a TPLF e o governo federal de Abiy Ahmed.
A 07 de setembro, a polícia, usando cassetetes e prisões, impediu que os opositores da TPLF se reunissem em Mekele, onde três partidos da região unidos numa "Aliança para a Mudança Radical" tinham apelado, segundo um jornalista local e organizadores, a manifestarem-se particularmente contra "a incompetência da TPLF" e o seu "caráter autocrático".
O município de Mekele, liderado pela TPLF, recusou-se a autorizar a manifestação, alegando a falta de agentes policiais disponíveis antes do Ano Novo Etíope, a 12 de setembro. Mas os organizadores dizem que legalmente bastava uma declaração prévia.
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