Polónia acusa Alemanha de tentar interferir após escândalo de vistos
A Polónia acusou a Alemanha de tentar interferir nos seus assuntos internos, após o chanceler alemão, Olaf Scholz, ter dito que Varsóvia precisa esclarecer o escândalo de venda de vistos a migrantes asiáticos e africanos.
© Lusa
Mundo Polónia
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Polónia, Zbigniew Rau, afirmou na noite de domingo no X, antigo Twitter, que a declaração de Scholz "viola os princípios da igualdade soberana dos estados".
Rau disse que apelou a Scholz "para respeitar a soberania da Polónia e abster-se de declarações que prejudiquem as relações mútuas".
Em causa estão as alegações de que os consulados polacos em África e na Ásia venderam vistos de trabalho temporário a migrantes por milhares de dólares cada.
O próprio Rau está sob pressão política porque o alegado esquema de vistos funcionava a partir do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Um dos adjuntos de Rau foi demitido devido ao seu suposto papel no esquema, enquanto promotores e autoridades anticorrupção investigam.
Rau rejeitou apelos à sua demissão, dizendo que não está sob investigação.
O partido de direita no poder na Polónia, Lei e Justiça (PiS), enfrenta questões sobre o alegado esquema antes das eleições nacionais de 15 de outubro, nas quais procura um terceiro mandato.
Scholz, cujo governo está sob pressão para fazer mais para limitar a migração para a Alemanha, apelou no sábado à vizinha Polónia para esclarecer o que estava a acontecer.
O primeiro-ministro da Polónia, Mateusz Morawiecki, disse que pediu verificações de carros, carrinhas e autocarros que atravessam a Polónia provenientes da Eslováquia, argumentando que esta era uma nova rota para a migração não autorizada que, em última análise, se dirigia para a Alemanha.
Falando hoje num comício de campanha eleitora, Morawiecki disse que instruiu o ministro do Interior a introduzir verificações de veículos que possam potencialmente trazer migrantes para a Polónia.
"Não queremos que ninguém alegue que essa fronteira é porosa", disse Morawiecki.
Na semana passada, a ministra do Interior alemã, Nancy Faeser, disse que Berlim estava a considerar estabelecer controlos fronteiriços de curto prazo com a Polónia e a República Checa para ajudar a conter o tráfico de pessoas para a Alemanha.
A governante acrescentou que o aumento dos controlos fronteiriços teria de ser combinado com controlos policiais aleatórios que já estão a ser realizados.
A Alemanha, a Polónia, a Eslováquia e a República Checa pertencem à zona isenta de vistos da Europa, conhecida como Espaço Schengen.
A questão migratória é um dos principais temas explorados pelo governo que decidiu realizar um referendo nacional no dia 15 de outubro, dia das eleições legislativas, abrangendo, entre outros assuntos, este tópico.
Os polacos poderão dizer, em particular, se desejam "remover a barreira na fronteira com a Bielorrússia" e se são a favor da "entrada de milhares de imigrantes ilegais" no país, de acordo com um mecanismo de relocalização proposto pela União Europeia.
Depois das revelações sobre este escândalo, a oposição não mede as palavras, evocando uma "máfia dos vistos".
Num vídeo publicado na internet, o maior concorrente do PiS, a Plataforma Cívica (PO, liberal) acusa o partido no poder de ter admitido "250 mil migrantes do Médio Oriente e de África", e acrescenta: "O referendo é uma mentira".
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