"Salvar pessoas do afogamento no mar é uma obrigação legal e europeia", sublinhou Annalena Baerbock, durante uma conferência de imprensa conjunta com o ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani.
A chefe da diplomacia alemã assegurou que o pagamento de fundos alemães às ONG que ajudam migrantes é iminente, apesar de reconhecer as divergências relativamente ao posicionamento de algumas dessas estruturas humanitárias, alegando ainda que é urgente ajudar as autoridades italianas no esforço de acolhimento.
O número de chegadas às costas italianas de embarcações provenientes do norte de África com migrantes a bordo aumentou substancialmente, com mais de 130.000 pessoas registadas até agora este ano, número bastante expressivo quando comparado com as 70.000 contabilizadas no mesmo período em 2022.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, escreveu esta semana ao chanceler alemão, Olaf Scholz, para lhe transmitir a sua surpresa perante o anúncio de que Berlim financiará organizações envolvidas no resgate marítimo de migrantes e na respetiva receção em Itália, sem incluir o Governo italiano.
À margem de uma reunião, na segunda-feira em Paris, com a sua homóloga francesa, Catherine Colonna, Antonio Tajani manifestou satisfação com a solidariedade francesa, mas frisou na mesma ocasião que esperava explicações por parte de Berlim.
"Ninguém está a travar uma guerra contra organizações não-governamentais", disse hoje Tajani ao lado de Baerbock, acrescentando, porém, que "estas não podem ser (...) uma espécie de íman para atrair migrantes irregulares".
Tajani apelou a uma "ação europeia" que não deixe "nenhum país sozinho" para "impedir que os traficantes de seres humanos explorem economicamente mulheres e homens que fogem da pobreza e da doença".
O chefe da diplomacia italiana defendeu ainda que a Europa deve ser "muito severa" na sua luta "contra estas organizações criminosas que são as mesmas que traficam armas e drogas".
Esta reunião bilateral em Berlim ocorreu no mesmo dia em que a Alemanha deu luz verde, em Bruxelas, a um texto-chave do pacto europeu de migração, um regulamento destinado a organizar uma resposta comunitária no caso de um fluxo maciço de migrantes para um país da União Europeia (UE).
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