Às zero horas de domingo, 01 de outubro, a Administração Pública fica sem financiamento, o que vai provocar o encerramento da maioria das agências governamentais, museus e parques nacionais [o designado 'shutdown'], além de 1,3 milhões de militares e centenas de milhares de funcionários vão deixar de receber salário.
O banco Goldman Sachs já estimou que este 'shutdown' vai reduzir o produto interno bruto dos EUA entre 0,15 e 0,20 pontos percentuais por cada semana que dure.
Apesar das graves consequências, um acordo parece afastado.
A jornalista Beatriz Pascual Macías fez um levantamento das possíveis razões.
A primeira é a rebelião da ala seguidora de Trump, que contestam o presidente da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, que consideram moderado.
Muitos membros desta ala opuseram-se à nomeação de McCarthy como líder da maioria republicana na Câmara em janeiro e, inclusive, estabeleceram condições para a sua nomeação, como a possibilidade de qualquer eleito poder convocar uma votação para o destituir.
Além disso, para conseguir ser eleito líder da maioria republicana na Câmara, McCarthy comprometeu-se a reduzir a despesa do governo de Joe Biden.
Mas, em junho, quando os EUA estavam à beira de uma crise da dívida soberana, McCarthy acordou com Biden a possibilidade de o governo federal continuar a recorrer a empréstimos, em troca de limites em rubricas específicas.
Os próximos de Trump sentiram-se traídos e agora querem mais cortes. Em particular, pretendem limitar a despesa pública para o ano fiscal 2024 [01 de outubro - 30 de setembro] a 1,47 biliões [milhão de milhões] de dólares, o que representa um corte superior em 120 mil milhões ao acordado.
Estes apoiantes do ex-presidente podem pressionar McCarthy porque os republicanos têm uma maioria muito estreita na Câmara, o que leve o seu líder a precisar do apoio de todos para aprovar qualquer medida.
O resultado desta dependência é uma posição fraca de McCarthy. Nos últimos meses, tem feito concessões a este grupo, como o julgamento político de Biden, com vista ´+a sua destituição ['impeachment']. Mas nada parece satisfazer o grupo.
Na sexta-feira, McCarthy procurou aprovar um projeto de lei que permitira financiar o governo federal durante mais um mês, mas que tinha cláusulas de limite a programas de asilo e cortes em todas as rubricas, com exceção da segurança fronteiriça.
Porém, a proposta foi derrotada com os votos dos democratas e dos republicanos de Trump, os quais estão a seguir as instruções deste, que os instou a resistir e a provocar o fecho do governo federal.
Contudo, na outra câmara do Congresso, o Senado, a maioria dos republicanos concordam com a necessidade de manter o governo a funcionar e alcançaram um acordo com os democratas, para que o financiamento fosse estendido até 17 de novembro.
Aqui, o problema é que não pode ser votado antes de domingo, quando o governo já está fechado, além de o processo se confrontar com o bloqueio do senador republicano Rand Paul, que se opõe à ajuda para a Ucrânia.
Com situação em ponto morto, a Casa Branca responsabilizou os "extremistas" seguidores de Trump por qualquer encerramento do governo e exortou McCarthy a pôr ordem nas suas fileiras, para que os republicanos aceitem o acordo a que chegou em junho com Biden.
"Alcançámos um acordo e um acordo é um acordo", reafirmou na sexta-feira a porta-voz de Biden, Karine Jean-Pierre, durante uma conferência de imprensa.
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