Eis os pontos essenciais sobre as opções pós-eleitorais na Eslováquia
As eleições legislativas na Eslováquia do passado sábado confirmaram a fragmentação do cenário político interno, com sete partidos representados no parlamento e diversas perspetivas para a formação de um inevitável governo de coligação.
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Mundo Perguntas e respostas
Eis alguns pontos essenciais sobre os cenários pós-eleitorais na Eslováquia com base nos resultados foram divulgados no domingo:
Qual a margem da vitória de Robert Fico?
No limbo da política há apenas alguns meses, o partido Direção -- Social-Democracia (Smer-SSD), de origem social-democrata e nacionalista liderado por Robert Fico, venceu as eleições com 23% dos votos, à frente do partido centrista e liberal Eslováquia Progressista (PS), com 18%.
Fico, que durante 12 anos governou este país da Europa central com 5,5 milhões de habitantes, estava considerado "politicamente morto" pelos seus adversários políticos, mas ressurgiu de uma penosa travessia e garantiu 42 dos 150 lugares do Conselho Nacional, o Parlamento eslovaco.
A Presidente da Eslováquia, Zuzana Caputova, encarregou-o hoje de formar Governo, e com a perspetiva de difíceis negociações.
Quais as promessas de Fico?
Na campanha, Fico optou por um discurso nacionalista, assinalado por declarações "anti-ucranianas" e "pró-russas", em particular a promessa do fim do apoio militar a Kiev e a permanência do bloqueio à entrada de cereais ucranianos, medida também adotada pelas vizinhas Polónia e Hungria, também Estados-membros da União Europeia (UE) e aliados na NATO.
A suas promessas de proteção e de estabilidade face a uma possível coligação liberal permitiram colocar em segundo plano diversos indiciamentos judiciais emitidos nos últimos anos contra o seu campo político, por alegados casos de corrupção.
Neste contexto, os seus detratores receiam agora que uma das suas primeiras medidas caso regresse ao poder -- são necessários pelo menos 76 lugares para obter maioria parlamentar -- consista em colocar homens de confiança em postos decisivos na polícia e na magistratura, para garantir a sua impunidade.
Quais os mais prováveis aliados de Fico?
O Smer-SSD e o SP (32 deputados) já excluíram mutuamente qualquer possibilidade de acordo pós-eleitoral. Para garantir o seu regresso ao poder, Robert Fico terá de convencer Peter Pellegrini, líder do partido social-democrata Hlas (Voz), que fundou em 2020 após uma cisão do Smer-SSD e que chegou aos 15%, elegendo 27 deputados.
No total, sete partidos ultrapassaram a barreira obrigatória dos 5% de votos expressos para estarem representados no Parlamento.
A formação de extrema-direita Republika, com perspetivas prometedoras nas sondagens e potencial aliado do Smer-SSD não conseguiu eleger deputados (4,75%), tendo provavelmente beneficiado o partido de Fico e o Partido Nacional Eslovaco (SNS), o histórico partido nacionalista de Andrej Danko (5,62% e dez deputados).
Com 4,38%, a Aliancia (Aliança húngara) também falhou a presença parlamentar, à semelhança do Sme Rodina (Somos uma família), partido nacional-conservador que registou forte recuo (2,21%), tal como o partido de extrema-direita L'SNS de Marian Kotleba (0,84%).
Para garantir a maioria dos 150 lugares no Conselho nacional (Parlamento), a dupla Fico-Pellegrini terá necessidade do apoio do SNS, e também provavelmente do Movimento cristão-democrata de Milan Majersky (KDH, 6,82% e 12 deputados).
É ainda possível uma solução de governo sem Fico?
O líder do PS, Michal Simecka, também pretende formar uma maioria sem a participação do partido mais votado, e analistas em Bratislava admitiam que possa mesmo oferecer o cargo de primeiro-ministro a Pellegrini.
Contudo, e para atingir o seu objetivo, o chefe do Eslováquia progressista terá de garantir uma coligação de quatro partidos com os sociais-democratas de Pellegini, os cristãos-democratas do KDH e com os liberais conservadores do Liberdade e solidariedade (SaS) do antigo ministro da Economia Richard Sulík (6,32% e 11 deputados).
A aliança eleitoral conservadora OL'aNO, ZL, KÚ, com os seus 8,89% e 16 deputados, parece de momento excluída das aritméticas pós-eleitorais, mas a influência do seu líder Igor Matovic, empresário e ex-ministro das Finanças, não deverá ser negligenciada para a definição do próximo cenário político eslovaco.
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