"Estamos a negociar e, hoje, ainda estamos longe do acordo", disse Yolanda Díaz, numa conferência de imprensa em Madrid.
A também ministra do Trabalho e vice-presidente do último Governo espanhol, uma coligação do Partido Socialista (PSOE) com a plataforma Unidas Podemos (agora Somar) liderada por Sánchez, falava depois de ter sido recebida pelo Rei Felipe VI.
O monarca iniciou hoje uma nova ronda de consultas com os partidos representados no parlamento para indicar um novo candidato a primeiro-ministro, na sequência das eleições de 23 de julho e depois do chumbo, pelos deputados, na semana passada, do primeiro nome que indicou, o de Alberto Núñez Feijóo, presidente do Partido Popular (PP, direita).
"Comunicámos a nossa vontade de formar um governo progressista presidido pelo senhor Sánchez, mas também comunicámos ao Rei que estamos a negociar e que, hoje, ainda estamos longe do acordo", disse Yolanda Díaz.
Sem querer avançar detalhes, Yolanda Díaz defendeu que as negociações devem ter "discrição, responsabilidade e muito diálogo".
"Nunca me levanto de uma mesa [de negociação] e, portanto, sem qualquer dúvida, vamos formar um governo progressista, mas insisto, estamos longe", afirmou.
Pedro Sánchez e Yolanda Díaz assumiram na campanha eleitoral o objetivo de fazerem uma coligação PSOE/Somar para governar Espanha, mas precisam de mais apoios parlamentares para verem o executivo viabilizado, nomeadamente, de um conjunto e partidos nacionalistas e independentistas da Catalunha, Galiza e País Basco.
Sobre as negociações com os independentistas catalães, que fazem as maiores exigências, Yolanda Díaz rejeitou fazer comentários, insistindo na necessidade de discrição para as conversas serem bem-sucedidas.
Ao contrário do PSOE, o Somar já defendeu publicamente a amnistia para os envolvidos na tentativa de autodeterminação da Catalunha em 2017, uma das exigências dos partidos independentistas.
Estes partidos pedem também que se abra a possibilidade de um referendo sobre a independência da região.
Além do Somar, Felipe VI ouviu hoje a Coligação Canária, a União do Povo Navarro, o Partido Nacionalista Basco e o partido de extrema-direita VOX.
A ronda de audições do monarca termina na terça-feira com o PSOE e o PP.
Quatro partidos independentistas da Galiza, País Basco e Catalunha não participam nas rondas com o Rei por não lhe reconhecerem legitimidade como chefe de Estado.
O PP foi o partido mais votado nas eleições de 23 de julho e o Rei indicou, em agosto, Alberto Núñez Feijóo, o líder dos populares, como candidato a primeiro-ministro, mas a investidura foi rejeitada pelos deputados na sexta-feira passada, com 177 votos contra dos 350 que têm assento no parlamento.
O novo candidato indicado pelo Rei será, previsivelmente, Pedro Sánchez, que já disse estar disponível e que acredita ter condições para reunir os apoios necessários no parlamento para ser reconduzido no cargo de primeiro-ministro.
Sánchez diz que já demonstrou isso mesmo em 17 de agosto, quando os socialistas conseguiram ficar com a presidência do parlamento graças ao apoio dos partidos de esquerda e das forças nacionalistas e independentistas da Catalunha, Galiza e País Basco.
O Congresso dos Deputados tem até 27 de novembro para eleger um novo chefe de Governo e assim evitar uma repetição das eleições.
Espanha já repetiu eleições duas vezes, em 2016 e 2019, por nenhum candidato a primeiro-ministro ter sido aprovado pelo parlamento.
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