PM britânico cancela parte de linha ferroviária de alta velocidade
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, confirmou hoje o cancelamento da construção de parte de uma linha de comboio de alta velocidade entre Londres e Manchester, apesar das críticas de políticos do norte de Inglaterra, incluindo Conservadores.
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"Vou cancelar o resto do projeto HS2", declarou o chefe do Governo conservador durante um discurso de encerramento do congresso do Partido Conservador em Manchester (norte de Inglaterra), invocando o custo elevado desde que foi concebido há mais de uma década.
O HS2 (High Speed 2) foi planeado pela primeira vez em 2010 com um custo de 33 mil milhões de libras (38 mil milhões de euros), mas as últimas estimativas apontam para um custo de cerca de 71 mil milhões de libras (82 mil milhões de euros).
A construtora portuguesa Martifer anunciou em fevereiro ter assinado um contrato de 68 milhões de euros para "o fornecimento e montagem de viadutos ferroviários em estrutura metálica em Birmingham" do HS2.
Em vez daquele grande projeto de infraestruturas, será reinvestido "cada cêntimo, 36 mil milhões de libras (41,6 mil milhões de euros), em centenas de novos projetos de transportes", prometeu.
Sunak argumentou que "o que realmente precisamos é de melhores ligações de transportes no norte" e esta "será a nossa prioridade".
Em particular, o primeiro-ministro confirmou que tencionava impulsionar um projeto ferroviário já em preparação para melhorar as ligações entre os principais centros económicos do norte e eletrificar as linhas, que reduzirá os tempos de viagem entre Manchester, Bradford, Sheffield e Hull.
Embora as reviravoltas de Londres sejam muito impopulares entre os representantes eleitos do Norte de Inglaterra, que acusam o Governo de renegar as suas promessas para com as regiões economicamente mais desfavorecidas, o líder também enumerou uma série de medidas para melhorar as ligações ferroviárias.
O líder Conservador também enumerou uma longa lista de projetos de melhoria dos transportes urbanos, autocarros, elétricos e ligações rodoviárias.
A HS2, a segunda linha de alta velocidade do Reino Unido depois da linha do Eurostar para o túnel do Canal da Mancha (HS1), tinha como objetivo inicial ligar a capital britânica a Birmingham e depois a Manchester e Leeds, mas a linha acabará por terminar em Birmingham.
O cancelamento do percurso, considerado durante muitos anos a pedra angular dos planos do governo para melhorar a coesão territorial entre o norte e o sul do país.
"Não percebo como é que o Partido Conservador consegue olhar-se ao espelho", lamentou hoje na BBC o presidente da Câmara Municipal de Manchester, Andy Burnham, atacando os conservadores por "quebrarem" as promessas feitas às regiões desfavorecidas do norte de Inglaterra.
O presidente Conservador da autarquia de West Midlands, em Birmingham, avisou que este é "erro político incrível".
A questão é delicada em véspera de eleições legislativas, previstas para 2024, porque no norte de Inglaterra estão eleitores que eram tradicionalmente Trabalhistas, mas que desempenharam um papel fundamental no triunfo histórico dos Conservadores sob o comando de Boris Johnson, em 2019.
Uma sondagem publicada na quarta-feira pelo Instituto Savanta mostra o Partido Trabalhista, principal partido da oposição, 19 pontos percentuais à frente dos Conservadores, no poder há 13 anos.
"Nas próximas eleições, a escolha que os cidadãos enfrentam é mais importante do que a política partidária. Queremos um governo empenhado em tomar decisões a longo prazo, preparado para ser radical face aos desafios e para enfrentar interesses instalados?", questionou
Hoje, reivindicou Sunak, o partido "colocou as necessidades do povo britânico em primeiro lugar e "tomou a decisão que muitos deveriam ter tomado, mas não o fizeram".
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