Israel. Cheiro a fumo ainda se sente uma semana após massacre em festival
As forças armadas israelitas impedem o acesso ao palco do massacre perpetrado pelo movimento islamita Hamas numa festa de música eletrónica no deserto, onde o cheiro a fumo ainda é intenso mais de uma semana após o ataque.
© ARIS MESSINIS/AFP via Getty Images
Mundo Israel/Palestina
"O que aconteceu aqui foi uma barbaridade", disse hoje aos jornalistas um jovem oficial das Forças de Defesa de Israel que preferiu o anonimato.
Os militares, afirmou, estão no local onde na madrugada de dia 07 se realizava o festival Super Nova "para prevenir, para garantir a segurança e para que nunca mais volte a acontecer" um ataque como o que fez pelo menos 260 mortos.
A cerca de cinco quilómetros a leste da Faixa de Gaza, a zona a que a agência Lusa teve acesso está bloqueada por soldados, ao mesmo tempo que se posicionam peças de artilharia de campanha e veículos militares blindados.
No sítio do massacre, são ainda visíveis muitos automóveis civis destruídos, roupa espalhada no chão e equipamento de campismo que pertencia aos espetadores do festival, na sua maioria jovens.
Foram os alvos dos comandos do Hamas, que atravessaram a fronteira com Israel em motos, carros e até voando em ultraleves, e surpreenderam quem dançava no deserto.
À entrada do recinto, onde ainda continuam instaladas algumas das tendas gigantes do festival, vê-se um frigorífico de refrigerantes derrubado e coberto de terra.
Pelo chão há garrafas de água, bebidas alcoólicas, refrigerantes, sacos-cama, mochilas, roupas e cadeiras de campanha espalhadas.
O local é agora uma zona avançada das forças armadas de Israel.
Perto do sítio do festival, a cerca de três quilómetros para norte, situa-se o 'kibbutz' (comunidade agrícola judaica) de Be'eri, que foi igualmente atacado e destruído pelo Hamas, que matou ali cerca de 120 pessoas, enquanto cinco ainda continuam desaparecidas, admitindo-se que tenham sido sequestradas.
À entrada, vêem-se vários veículos civis carbonizados e carrinhos de golfe elétricos abandonados.
"Aqui no 'kibbutz', o Hamas atacou indiscriminadamente, sobretudo na zona central do complexo", disse à Lusa o tenente Amon Schefler, do exército israelita.
As zonas que apresentam maior destruição são o centro de saúde, o infantário, a biblioteca e a zona que circunda o centro, que está divivida por jardins e árvores.
As redes de proteção do 'kibbutz' também foram totalmente destruídas: queimadas e atingidas por disparos de armas automáticas ou foguetes de artilharia.
No chão ainda são visíveis granadas de mão e armas automáticas dos terroristas.
Apesar da forte presença das forças militares israelitas neste local, o 'kibbutz', que foi totalmente evacuado, continua a ser atingido pela artilharia disparada de Gaza.
Enquanto a reportagem da Lusa estava no que resta do complexo, dois projéteis visaram o local, obrigando militares e jornalistas a procurarem abrigo.
Os foguetes foram destruídos ainda no ar, mas com apenas cinco segundos de sobreaviso para chegar a um abrigo, a alguns dos presentes só restou deitarem-se por terra para evitar a 'chuva' de estilhaços.
De acordo com o oficial israelita, desde o dia 07, o Hamas disparou pelo menos seis mil foguetes a partir de Gaza contra as cidades israelitas que circundam o enclave, sobretudo a norte e nordeste.
O grupo islamita Hamas atacou Israel de surpresa no dia 07 de outubro, lançando milhares de foguetes e fazendo avançar milicianos armados por terra, mar e ar, causando mais de 1.400 mortos.
Em resposta, Israel tem vindo a bombardear várias infraestruturas do Hamas na Faixa de Gaza e impôs um cerco ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.
Os bombardeamentos de Israel na Faixa de Gaza já provocaram a morte a pelo menos 2.800 palestinianos.
[Notícia atualizada às 15h29]
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