Militares detidos em quartéis após desaparecimento de metralhadoras
Quase 500 militares brasileiros estão detidos há uma semana com os seus telemóveis confiscados na base militar de Barueri, no estado de São Paulo, enquanto se investiga o desaparecimento de 21 metralhadoras de grande calibre.
© Lusa
Mundo São Paulo
A investigação ainda está em andamento e os soldados da base, de todas as patentes, estão a ser ouvidos para "identificar dados relevantes", disseram fontes do Comando Militar do Sudeste à agência espanhola Efe.
"Até que haja uma decisão, estão todos a ficar lá", disseram as mesmas fontes.
Na passada terça-feira, o exército detetou "discrepâncias" durante uma inspeção ao arsenal da base militar, com a ausência de 13 metralhadoras antiaéreas de calibre .50 e oito de calibre 7,62.
A instituição garantiu, em comunicado, que as armas desaparecidas não funcionavam e que, por essa razão, estavam na unidade responsável pela manutenção e eventual destruição dos equipamentos que já não podem ser reparados.
Mesmo assim, o desaparecimento colocou as autoridades regionais em alerta devido ao alto poder de fogo das submetralhadoras, especialmente as de calibre .50, exclusivas do Exército, que podem abater aviões e disparar até 600 tiros por minuto.
"Nós da segurança de São Paulo não vamos medir esforços para auxiliar nas buscas do armamento e evitar as consequências catastróficas que isso pode gerar a favor do crime e contra segurança da população", garantiu nas redes sociais o secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Guilherme Derrite.
As 21 armas desaparecidas são o maior "desvio" de arsenais públicos desde 2009, segundo o Instituto Sou da Paz, uma ONG que estuda a violência no Brasil e que há anos denuncia a "precariedade" do controlo dos arsenais militares e policiais.
"Só há um destino possível para esse desvio, que é para as mãos do crime organizado. Geralmente, esse tipo de desvio é feito com um comprador em mente", disse Bruno Langeani, gerente de projetos da ONG, em entrevista à TV Globo.
Segundo um estudo do Instituto Sou da Paz baseado em dados oficiais, as forças de segurança federais registaram o desvio de 323 armas entre 2015 e 2020, a maioria pistolas e nenhuma metralhadora calibre .50.
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