The Guardian despede cartoonista por desenho alegadamente antissemita
O jornal britânico The Guardian demitiu um dos seus mais antigos cartoonistas, Steve Bell, depois de recusar publicar uma caricatura do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que, segundo alegaram os responsáveis, se baseava em imagens antissemitas.
© Reuters
Mundo Reino Unido
"Foi tomada a decisão de não renovar o contrato de Steve Bell", anunciou o jornal, em comunicado hoje divulgado.
"Os 'cartoons' de Steve Bell têm sido uma parte importante do The Guardian nos últimos 40 anos -- agradecemos-lhe e desejamos-lhe tudo de melhor", referiu a editora Guardian News and Media, citada pela agência de notícias Associated Press.
Bell colabora com o The Guardian desde 1983 e várias centenas dos seus desenhos foram, ao longo dos anos, acusados de incluir estereótipos antijudaicos.
O último 'cartoon', publicado por Bell nas redes sociais, mostra Netanyahu a segurar um bisturi e preparado para fazer uma incisão em forma de Gaza no seu abdómen, com a legenda "Habitantes de Gaza, saiam já".
O 'cartoon' intitula-se "Depois de David Levine" e lembra um desenho desse cartoonista, feito na época da guerra do Vietname, que retratava o Presidente dos EUA, Lyndon B. Johnson, a apontar para uma cicatriz em forma de Vietname.
O ilustrador norte-americano Levine inspirou-se numa foto de Johnson a mostrar aos jornalistas uma cicatriz no seu corpo, resultado de uma cirurgia à vesícula.
Bell disse que foi acusado de evocar o "quilo de carne" (expressão inglesa que significa uma grande exigência) do personagem judeu Shylock (um agiota, considerado um pária em Veneza por ser judeu), na peça de Shakespeare "O Mercador de Veneza", mas rejeitou qualquer ligação.
"Eu não promovo estereótipos antissemitas cruéis. Nunca o fiz nem me passaria pela cabeça fazer semelhante coisa", disse.
O Reino Unido tem uma longa tradição de 'cartoons' que mostram políticos de forma exagerada e grotesca.
Bell criou algumas das caricaturas mais conhecidas dos recentes líderes britânicos, retratando o ex-primeiro-ministro John Major com umas cuecas vestidas por cima das calças, Tony Blair com um olho demoníaco enorme e David Cameron com um preservativo na cabeça.
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