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Renamo voltou às ruas para reclamar vitória e exigir oportunidades

Milhares de simpatizantes do principal partido de oposição em Moçambique voltaram hoje às ruas de Maputo para reclamar vitória nas eleições autárquicas de 11 de outubro, numa marcha pela capital liderada por uma juventude que exige "oportunidades".

Renamo voltou às ruas para reclamar vitória e exigir oportunidades
Notícias ao Minuto

17:50 - 19/10/23 por Lusa

Mundo Moçambique

"A juventude, na verdade, só quer oportunidades (...) Eu própria concluí a 12.ª classe há anos, mas não tenho dinheiro para ir à faculdade. Mas onde é que vou conseguir dinheiro para ir à faculdade se eu não trabalho", questiona, à Lusa, Abiba Abudo, 26 anos, no meio de milhares de pessoas que se juntaram, a partir das 09:00 (08:00 em Lisboa), à porta da sede da cidade da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) para marchar pela capital, reclamando a vitória do candidato do partido nas autárquicas na cidade de Maputo, Venâncio Mondlane.

Ostentando dísticos com mensagens como "entreguem-nos as chaves do município", os simpatizantes da Renamo, maioritariamente jovens, liderados por Venâncio Mondlane a partir do teto de abrir do seu veículo, percorreram o coração da cidade de Maputo ao som de hinos do partido, além de "Povo no Poder", a célebre música do falecido rapper de intervenção social Azagaia e que hoje é "regra" nas marchas em Maputo.

"Queremos rejuvenescer a política moçambicana", disse à Lusa Elisa Adélia, 35 anos, uma simpatizante do partido, de baixo do sol há horas, que também reclama a falta de emprego para esta camada.

Em Moçambique, os dados do último censo populacional (2017) divulgados pelo Instituto Nacional de Estatísticas indicam que, no universo de 32 milhões de moçambicanos, cerca de 9,4 milhões são jovens, um terço dos quais sem emprego, escolaridade ou formação profissional.

"Nós, como juventude, até temos potencial e força de espírito, mas precisamos que o Estado nos ajude", comentou Jaime Rui, 31 anos, no meio da marcha.

Por pelo menos seis horas, escoltados por uma viatura policial, Venâncio e os seus simpatizantes atravessaram as principais vias da capital moçambicana, paralisando o tráfego em certos pontos da baixa da cidade, onde o candidato discursou exigindo a responsabilização dos autores das alegadas fraudes no escrutínio de 11 de outubro.

" Os tribunais disseram que houve pessoas que facilitaram a fraude(...)Exortamos a Procuradoria-Geral da República para que se responsabilize a estas pessoas", disse Venâncio Mondlane, falando a partir do tejadilho da sua viatura e arrancando aplausos de milhares de pessoas que assistiam, entre simpatizantes e comerciantes informais da baixa de Maputo.

De acordo com o edital de apuramento intermédio apresentado na segunda-feira pelos órgãos eleitorais, na capital moçambicana, a lista da Frelimo na cidade de Maputo, liderada por Razaque Manhique, recolheu 235.406 votos (58,78%), a da Renamo, liderada por Venâncio Mondlane, 134.511 votos (33,59%) e a do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), liderada por Augusto Mbazo, 24.365 votos (6,8%).

As sextas eleições autárquicas em Moçambique decorreram em 65 municípios do país no dia 11 de outubro, incluindo 12 novas autarquias, que pela primeira vez foram a votos. Segundo resultados distritais e provinciais intermédios divulgados pelo STAE nos últimos dias sobre 50 autarquias, a Frelimo venceu em 49 e o MDM na Beira.

O consórcio "Mais Integridade", coligação de organizações não-governamentais moçambicanas, acusou a Frelimo, partido no poder, de ter manipulado os resultados das eleições autárquicas do dia 11, protagonizando "um nível elevado de fraude".

Em Maputo, alguns tribunais distritais já anularam o escrutínio, alegando várias irregularidades, com destaque para falsificação de editais.

Dos 65 municípios, pelo menos dois tinham já anulado, por decisão de tribunais, o escrutínio na autarquia devido as alegadas irregularidades, nomeadamente Cuamba, na província do Niassa, e Chokwé, na província de Gaza.

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