Zhai Jun, o enviado especial da China para o Médio Oriente, emitiu estas declarações após um encontro no Qatar, que decorreu na quinta-feira, com Mikhail Bogdanov, o representante especial do Presidente da Rússia para o Médio Oriente e África.
"A razão fundamental para a atual situação do conflito Palestina-Israel reside no facto de não terem sido garantidos os legítimos direitos nacionais do povo palestiniano", disse Zhai, de acordo com um comunicado hoje divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.
"A China e a Rússia partilham a mesma posição sobre a questão palestiniana, e a China está preparada para manter comunicação e coordenação com a Rússia para promover a desescalada da situação", disse Zhai.
Os dois países pretendem "desempenhar uma função positiva no reinício das conversações entre a Palestina e Israel, promover efetivamente a solução de dois Estados, e promover uma solução abrangente, justa e duradoura para a questão palestiniana num futuro próximo", disse Zhai.
A China enviou Zhai ao Médio Oriente para tentar promover um cessar-fogo entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas, no último sinal sobre a sua ambição em desempenhar uma função importante na região.
Os dois lados confirmaram estar "concentrados numa estreita coordenação de esforços para uma solução política desta e de outras crises no Médio Oriente e na região do norte de África", indicou a agência noticiosa Tass.
A China, que considera os Estados Unidos totalmente alinhados com Israel, disse que se opõe a ataques contra civis, mas não condenou o ataque do Hamas de 07 de outubro que implicou a atual resposta israelita. Pequim apelou a um cessar-fogo imediato para proteger os civis, enquanto Israel prossegue os contínuos bombardeamentos sobre Gaza antes de uma possível invasão terrestre.
"Acreditamos que as principais potências deveriam ser objetivas e imparciais quando abordamos questões muito sensíveis na comunidade internacional", considerou hoje Mao Ning, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiro chinês.
No encontro com Bogdanov, Zhai referiu que Pequim estava desgostoso "com o elevado número de baixas civis provocadas pelo conflito Palestina-Israel e pela crítica deterioração da situação humanitária na Palestina".
Pequim descreveu o Hamas como um "movimento de resistência", ao contrário de Israel e aliados ocidentais que o definem de "terrorista".
Analistas citados pela agência noticiosa Associated Press (AP) indicam que a China pretende posicionar-se como mediador e exercer a sua influência na região e quando os EUA desviavam a sua atenção global para outras regiões. No entanto, a atual guerra em Gaza implicou o regresso dos Estados Unidos, com o Presidente Joe Biden a visitar Israel esta semana.
Zhai também se reuniu com o ministro de Estado do Qatar para os Assuntos Externos, Mohammed Abdulaziz al-Khulaifi, indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.
O porta-voz Mao Ning disse que Zhai vai deslocar-se a outros países do Médio Oriente, mas não forneceu mais detalhes.
O primeiro-ministro egípcio Mostafa Madbouly disse esta semana ao líder chinês Xi Jinping que "o Egito e outros países árabes apreciam fortemente a posição consistente e justa da China sobre a questão palestiniana e esperam que a China desempenhe uma função de destaque na resolução da atual crise", de acordo com uma declaração chinesa sobre este encontro.
Xi disse a Madbouly, que esteve em Pequim para participar no Fórum sobre a iniciativa de construção de infraestruturas 'Uma Faixa, Uma Rota', que a principal prioridade reside em terminar com os combates e impedir uma severa crise humanitária.
Disse ainda que a China "está pronta para reforçar a coordenação com o Egito e outros países árabes para garantir uma solução abrangente, justa e duradoura da questão palestiniana", indica o comunicado.
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