"Queremos chegar à paz, mas queremos ficar e defender a nossa terra"

O primeiro vice-presidente do Parlamento ucraniano defendeu hoje a continuidade de apoio financeiro, militar e "moral" à Ucrânia, sublinhando a importância dos parlamentos na prevenção dos conflitos e procura de consensos.

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© Sergii Kharchenko/NurPhoto via Getty Images

Lusa
23/10/2023 16:24 ‧ 23/10/2023 por Lusa

Mundo

Guerra na Ucrânia

Oleksandr Korniyenko é um dos mais de 1.000 deputados de todo o mundo que vão participar, a partir de hoje, em Luanda, na 147.ª Assembleia-Geral da União Interparlamentar (UIP).

Em entrevista à Lusa, o deputado da Verkhovna Rada afirmou que a missão principal da delegação ucraniana é divulgar, nos palcos internacionais, o empenho dos ucranianos em "parar a agressão russa" e conseguir que as tropas russas se retirem do seu território e manter as atenções internacionais viradas para a Ucrânia.

"Queremos muito chegar à paz, mas queremos ficar na nossa terra e defender a nossa terra", destacou, acrescentando que a Ucrânia continua a precisar de apoio financeiro e militar, bem como "do apoio moral de outros países, do continente africano, da Ásia, da América Latina".

Questionado sobre o atual conflito entre Israel e o Hamas, Oleksandr Korniyenko disse que estão a seguir com atenção tudo o que se está a passar e que o importante não é o nome que se dá aos terroristas.

"Não interessa se é o Hamas, se é a Federação Russa ou o grupo Wagner, o que estamos é a falar sobre a Humanidade, sobre a violência contra civis e crianças. E vemos essa situação a acontecer com crianças ucranianas e a acontecer em Gaza, temos de unir esforços para falar sobre estas crises e sobre estes problemas", indicou.

Sobre a posição da Ucrânia em relação a este conflito, afirmou que a maior preocupação são os massacres de civis e que "o mundo ocidental e Israel devem encontrar uma solução" para o Médio Oriente.

O responsável ucraniano abordou, igualmente, a necessidade de fazer reformas e mudanças no sistema de segurança internacional, o que vai ser também debatido no encontro da UIP, "uma parte importante da família das Nações Unidas".

"É impossível, no século XXI, sofrermos uma agressão destas de um membro permanente do Conselho de Segurança", criticou, dizendo que os parlamentos têm também um papel a desempenhar.

"Os deputados representam o povo e o nosso papel é muito importante porque é através dos parlamentos, da democracia parlamentar, que se pode promover e divulgar as ideias sobre o que queremos para o mundo, em termos de estabilidade, humanidade, prevenção de conflitos, dos efeitos das alterações climáticas, etc.", realçou.

Por isso, estas atividades são importantes para encontrar soluções  e consensos através do debate: "temos de ser unidos, é muito importante para o futuro do mundo", disse.

Sobre as relações com Angola, considerou que podem ser reforçadas, sugerindo um encontro entre os presidentes dos dois países, além do desenvolvimento da atividade interparlamentar e das relações económicas.

Atualmente presidida pelo deputado português Duarte Pacheco, a UIP vai eleger, em Luanda, o seu sucessor, concorrendo ao cargo, a presidente do Parlamento da Tanzânia, Tulia Ackson, e as deputadas Catherine Hara, do Malawi, Adji Diarra Kounaté, do Senegal, e Marea Hagi, da Somália.

Sob o lema"Ação parlamentar para a paz, justiça e instituições fortes", a 147.ª Assembleia da UIP conta também com a participação de uma delegação da Assembleia da República Portuguesa, liderada pelo presidente da AR, Augusto Santos Silva.

Leia Também: Ucrânia. 11 peças de ouro do património histórico apreendidas em Madrid

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