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Cabo Verde descentraliza comemorações para o Mindelo

A Assembleia Nacional de Cabo Verde descentralizou as comemorações do 39.º aniversário da independência nacional para o Mindelo, uma decisão criticada pela oposição.

Cabo Verde descentraliza comemorações para o Mindelo
Notícias ao Minuto

11:02 - 01/07/14 por Lusa

Mundo Assembleia Nacional

As celebrações do "05 de julho" (de 1975) arrancam hoje um pouco por todo o país, com atividades políticas, desportivas, culturais e recreativas, e prolongam-se até 07 deste mês, com uma reunião entre os membros do atual Governo e os membros do primeiro Governo do Cabo Verde independente.

Este ano, por decisão da Assembleia Nacional (AN), a sessão solene acontece na Cidade do Mindelo, na ilha de São Vicente, e contará com a presença das mais altas personalidades do Estado cabo-verdiano - os presidentes da República, Jorge Carlos Fonseca, e do Parlamento, Basílio Mosso Ramos, e o primeiro-ministro, José Maria Neves.

É esperado no Mindelo todo o elenco governamental, deputados nacionais e municipais, corpo diplomático, autarcas, dirigentes associativos, empresários, combatentes da liberdade da pátria, e muitos outros convidados oficiais.

Em nota de imprensa, a AN explicou que, com esta iniciativa, pretende "aproximar a casa parlamentar dos cidadãos residentes na ilha de São Vicente".

Entretanto, vários setores da sociedade cabo-verdiana, com destaque para os partidos da oposição, contestaram a decisão, dizendo que poderá abrir um precedente nas comemorações anuais do aniversário da independência de Cabo Verde.

"Não vai trazer nenhuma mais-valia, nem para São Vicente, nem para a casa parlamentar. Estamos a abrir um precedente, pois, no próximo ano, Santo Antão pode reivindicar a sua vez, Sal no ano seguinte e assim sucessivamente", alertou o presidente da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), António Monteiro, em declarações ao jornal A Nação.

Para António Monteiro, a ilha de São Vicente precisa de outra visibilidade para sair do "marasmo" em que se encontra.

Por sua vez, o presidente da Comissão Política Regional do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, no poder) em São Vicente, Alcides Graça, entendeu que se trata de uma iniciativa "extraordinária" e que os custos do ato - cerca de 3.000 contos (27,2 mil euros) - inscrevem-se nos custos da democracia cabo-verdiana.

"Não estamos a falar apenas do ato em si, mas do simbolismo que o acarreta, sendo a primeira vez que isto acontece em Cabo Verde. Além disso, dá aos são-vicentinos a possibilidade de estarem próximos de todos os eleitos da Nação", sustentou Alcides Graça.

O primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, também desdramatizou as críticas da oposição, dizendo que se trata de mais um "custo da insularidade" que o país tem de suportar.

No programa das comemorações enviado à imprensa constam conferências e exposições sobre a vida e obra de Amílcar Cabral, o herói e pai da nação cabo-verdiana, muitas atividades militares e um concerto musical na noite de 05 de julho, na Rua de Lisboa, com atuações de vários artistas cabo-verdianos.

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